Jadson André, campeão do Billabong Pro Praia da Vila! (Foto: Kirstin ASP)
Quinta-feira, 29 de Abril de 2010. Praia da Vila, Imbituba, Santa Catarina. Um dia histórico para o surf brasileiro. Principalmente para o brasileiro Jadson André, esse pequeno gigante de apenas 20 anos que entrou esse ano no World Tour, conquistou sua primeira vitória, surfando em casa, e enfrentando o nove vezes campeão mundial, o americano Kelly Slater na final. E que vitória... Com aéreos espetaculares e uma atuação brilhante, Jadson conseguiu a sua primeira vitória no tour (foi também a primeira vez que um estreante brasileiro vence uma etapa em seu primeiro ano na primeira divisão).
Mas o dia começou bem antes disso. Mal tinha nascido o sol, e aquele vento parado, a neblina baixa, o céu azul e as ondas (esquerdas e direitas quebrando lisas e constantes na Praia da Vila) mostravam que o dia seria especial.
Nas primeiras baterias do dia, ainda pelo Round 4, o tiozinho Taylor Knox eliminou Mick Fanning, o atual campeão do mundo. Owen Wright mostrou um surf leve e progressivo e eliminou o francês Jeremy Flores. Kelly Slater venceu o australiano Chris Davidson, e o grandulão Jordy Smith fez a mala do havaiano Roy Powers.
Mick Fanning foi abatido pelo experiente Taylor Knox (Foto Dadá Souza)
Taylor Knox pegou a primeira onda do dia, surfou muito bem e eliminou o australiano Mick Fanning, atual campeão mundial. (Foto Dadá Souza)
Nas quartas, duas fortes constatações: (1) os caras grandes e altos, definitivamente conquistaram seu espaço na elite do surf. Dane Reynolds, Owen Wright e Jordy Smith são atletas bastante altos e estão, literalmente, dando show. (2) o surf progressivo desses três e de Jadson André, finalmente apareceu e se diferenciou nos confrontos do Billabong Pro.
O line up da Vila. (Foto Dadá Souza)
Na primeira bateria, Jadson passou voando por cima do tahitiano quebrador, Michel Bourez. Virada importantíssima de Jadson. Na segunda bateria, o Daniel Reynaldo (ou Dane Reynolds como alguns o chamavam) eliminou o americano gêmeo, CJ Hobgood. Dane deu um aéreo monstro de backside no final da bateria que deixou uma cidade inteira de boca aberta. Na terceira bateria das quartas, o australiano Owen Wright não deu chances ao Tio Taylor Knox e carimbou a vaga na semi. Na última bateria das quartas, Kelly Slater contra Jordy Smith. Quem vencesse aqui, assumiria a liderança do circuito. Jordy vinha quebrando. Kelly vinha vencendo surfando mais burocrático. Mas na hora do confronto o Mind Game do Kelly deixou o molecão Smith nervoso e errando muito. Fatal para Jordy e ótimo para Slater. E dois fatos sobre esse confronto entre Kelly e Jordy: (1) Essa foi a segunda bateria seguida de Slater em que as ondas simplesmente murcharam. (2) um paraglider desses a motor, com a logomarca da TIM, aparceu voando por cima da estrutura do evento e sobre a bateria quando se ouviu um estalo no ar. A hélice caiu de uma altura de mais de 100 metros e explodiu na beira do mar, a poucos metros do pessoal que assistia a bateria. Um perigo!!
Com a derrota de Mick Fanning, o caminho ficou livre para Slater. (Foto Dadá Souza)
Woohoo!! (Foto Dadá Souza)
O havaiano Roy Powers vem fazendo o seu melhor ano no tour. (Foto Dadá Souza)
A Praia da Vila rendeu bons momentos. E excelentes manobras! (Foto Dadá Souza)
Jordy Smith poderia ter saído de Imbituba com a liderança do tour, mas amarelou diante de um esperto Kelly e entregou a bateria de bandeija para Slater. (Foto Dadá Souza)
Estreante no tour, Owen Wright quebrou tudo na Praia da Vila e fez o seu melhor resultado no tour, uma excelente terceira colocação. (Foto Dadá Souza)
Semi 1 - Jadson André (17.70) x Dane Reynolds (16.67)
Um duelo de voadores e uma bateria de surf progressivo. Já no início da bateria, Jadson pega uma boa esquerda da série, manda um aéreo monstro chutando a rabeta e manda mais três manobras. Dane não se achava na bateria, fazendo notas menores até que numa pequena esquerda conseguiu executar uma boa seqüência de manobras. E Dane pega mais uma onda, manobra forte e vertical,com muito power e velocidade e vira a bateria. Nos últimos segundos, Jadson pega uma boa onda da série, dá uma seqüência de rasgadas e um aereozão no final e vira o resultado na última onda. A galera na praia vibrava tanto quando em um estádio de futebol.
Semi 2 – Owen Wright (10.56) x Kelly Slater (13.50)
O novato fenômeno El voador contra o experiente El Matador. Kelly Slater surfou mais ondas e mostrou sua superioridade durante toda a bateria. Slater saiu pegando tudo que veio pela frente e espremeu as pequenas ondas da Praia da Vila. Já Owen Wright parece que sentiu o peso do nome Slater e mostrou um surf bem abaixo de suas outras apresentações. E contra Kelly, quem não arrisca não petisca. Apesar de ser outra bateria com pouquíssimas ondas, Kelly Slater pegou muita onda e venceu fácil o novato Owen Wright, que fez aqui sua melhor atuação no tour até agora.
No more photos for you! A argentina Paz (EX-PLAYBOY) pediu tanta foto que Kelly se irritou. Tietagem na área de imprensa é "soda"..
Jadson André veio arrebentando em toda a competição, puxando o nível das manobras aéreas e mostrando muita competência, sangue frio e muita confiança. Com aéreos e rabetadas monstruosos, Jadson detonou todos que cruzaram seu caminho. Kelly Slater me pareceu um pouco mais burocrático nessa etapa. Talvez por causa do pé que ainda não está 100%. Ou por sua vice-liderança no tour. Mas Kelly é um surfista brilhante e também eliminou todos que cruzaram o seu caminho. A diferença até aqui, é que Jadson mostrou mais atitude e puxou o ritmo dos confrontos e o limite das manobras, além de virar resultados difíceis com muito talento e confiança.
Jadson André vence de Dane Reynolds (ou era Daniel Reynaldo?) na primeira semi-final.
Final – Jadson André (14.40) x Kelly Slater (14.00)
Uma final histórica para o surf brasileiro. E uma bateria quase idêntica aquela final do ano passado do mesmo kelly contra um também pupilo do mestre Pinga, o Adriano de Souza. Mas felizmente, dessa vez o resultado foi diferente. Jadson André começou forte, arriscando mais e ditando o ritmo da bateria. Kelly vinha nas menores mostrando que também sabe fazer mágica. Numa esquerda da série, Jadson manda uma batida, passa e manda um grande aéreo reverse, um cut back forte e redondo e mais um grande aéreo reverse. Animal! E a praia veio abaixo. Parecia um jogo de copa do mundo. O mesmo campeonato que estava apagado, sem graça e quase afogado na chuva, virou um das melhores eventos do circuito mundial aqui no Brasil. Kelly continuava lutando e pegou uma boa onda da série e encostou no Brasileiro. Jadson pegou uma boa direita que encheu de pancadas e novamente virou a bateria a seu favor. No final da bateria, Slater pega uma boa esquerda mas enterra a borda na segunda manobra, mas no inside ele acerta o pé e detona a onda. Slater quase vira, e a prioridade agora é de Jadson, que fica marcando Slater até a sirene final. No último segunda entra uma onda e Jadson desce, fazendo uma das maiores festas da história do circuito mundial aqui no Brasil.
Praia lotada na Vila!
Segundo João Carvalho, em sua assessoria de imprensa, “Pelo título inédito em Imbituba, Jadson André faturou o prêmio máximo de 50.000 dólares e com os 10.000 pontos recebidos saltou do 13.o lugar para dividir a quarta posição no ranking do ASP World Title Race, com o atual campeão mundial Mick Fanning. À frente deles só estão o líder Kelly Slater, que levou 25.000 dólares e 8.000 pontos pelo segundo lugar no Billabong Pro Santa Catarina, o sul-africano Jordy Smith que é o novo vice-líder e o ex-número 1, Taj Burrow. Smith até assumiria a ponta se passasse por Kelly Slater nas quartas-de-final. Kelly já havia vencido essa etapa em 2003 e 2009 e agora assume a liderança na corrida pelo seu décimo título mundial com o vice-campeonato no Billabong Pro Santa Catarina em Imbituba.”
O manager do Quiksilver Team, Stephen "Belly" Bell e o "pupilo" Kelly Slater: Segundo lugar no Billabong Pro e a liderança do tour.
Jadson André, em seu primeiro ano do tour, faz sua primeira vitória, em casa, e enfrentando Kelly Slater... É ídolo!!!!!!
FINAL DO BILLABONG PRO SANTA CATARINA:
Campeão: Jadson André (BRA) com 14,40 pontos – US$ 50.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Kelly Slater (EUA) com 14,00 pontos - US$ 25.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS – 3.o lugar – US$ 14.500 e 6.500 pontos:
1.a: Jadson André (BRA) 17.70 x 16.67 Dane Reynolds (EUA)
2.a: Kelly Slater (EUA) 13.50 x 10.56 Owen Wright (AFR)
QUARTAS-DE-FINAL – 5.o lugar – US$ 10.000 e 5.250 pontos:
1.a: Jadson André (BRA) 15.50 x 15.27 Michel Bourez (TAH)
2.a: Dane Reynolds (EUA) 14.27 x 13.17 C. J. Hobgood (EUA)
3.a: Owen Wright (AUS) 13.34 x 12.43 Taylor Knox (EUA)
4.a: Kelly Slater (EUA) 15.43 x 13.87 Jordy Smith (AFR)
OITAVAS-DE-FINAL – 9.o lugar – US$ 8.000 e 3.750 pontos:
-----------baterias que abriram a quinta-feira:
5.a: Taylor Knox (EUA) 15.93 x 14.83 Mick Fanning (AUS)
6.a: Owen Wright (AUS) 13.60 x 8.90 Jeremy Flores (FRA)
7.a: Kelly Slater (EUA) 13.27 x 12.00 Chris Davidson (AUS)
8.a: Jordy Smith (AFR) 13.00 x 8.50 Roy Powers (HAV)
-----------baterias que fecharam a quarta-feira:
1.a: Jadson André (BRA) 16.83 x 10.83 Luke Munro (AUS)
2.a: Michel Bourez (TAH) 14.50 x 7.43 Joel Parkinson (AUS)
3.a: Dane Reynolds (EUA) 15.16 x 12.57 Adriano de Souza (BRA)
4.a: C. J. Hobgood (EUA) 13.84 x 9.80 Travis Logie (AFR)
RANKING ASP TITLE RACE – 3 etapas:
01: Kelly Slater (EUA) – 21.750 pontos
02: Jordy Smith (AFR) – 18.500
03: Taj Burrow (AUS) – 18.250
04: Mick Fanning (AUS) – 15.500
04: Jadson André (BRA) – 15.500
06: Bobby Martinez (EUA) – 14.750
06: Dane Reynolds (EUA) – 14.750
08: Joel Parkinson (AUS) – 14.250
08: Adriano de Souza (BRA) – 14.250
10: Bede Durbidge (AUS) – 12.250
11: Owen Wright (AUS) – 10.000
12: Michel Bourez (TAH) – 9.500
13: Fredrick Patacchia (HAV) – 9.250
13: Chris Davidson (AUS) – 9.250
13: Adrian Buchan (AUS) – 9.250
16: Taylor Knox (EUA) – 8.750
---------outros brasileiros:
31: Neco Padaratz (BRA) – 4.000
41: Marco Polo (BRA) – 1.500
ALGUMAS NOTAS
+ A cidade de Imbituba poderia se preparar um pouco melhor para agregar eventos paralelos (culturais ou gastronômicos) e opções turísticas ao povo que chega na cidade. A entrada da cidade está feia e merecia ser um pouco melhor tratada pelo porto e pela prefeitura. Para melhor explorar e incentivar o turismo, a beleza da cidade e a estrutura turística são fundamentais. Não é porque se trata de um porto que tem que ser feio. E muita gente reclamou.
+ Pulseirinhas demais nesse evento. Tietes na área de imprensa, gente importante da mídia ficou de fora das grades que separava a imprensa grande da nanica (e como teve gente que ficou brava com isso).
+ O site do evento, a transmissão online, toda parte de webcast foi bastante ruim nessa etapa. E as heats on demand? Não seria a hora de ter um site padrão para todos os eventos do tour? Com locutores e comentaristas especializados e isentos? Com um sistema de informação de noticias, fotos, vídeos, notas, vídeos das baterias todo unificado e padrão?
+ Parabéns ao Teco Padaratz, ao Xande Fontes, a Prefeitura de Imbituba, a Billabong, ao João Carvalho, ao Pinga e sobretudo ao Jadson, que foi um gigante. Vocês fizeram um grande evento e um dia histórico para o surf brasileiro. Foi (mais uma vez) um privilégio poder acompanhar esse evento ao vivo e a cores.
DadáS.
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