30 de maio de 2011

A Farra do Surfista!








Ondas lindas e proibidas.


O título dessa matéria não é meu não. Na verdade essa expressão "Farra do Surfista" é do Petry, o cara que faz altas artes pro Solto e para muita gente do meio do surf. Na época, achei engraçada essa comparação com a famosa (e hoje já proibida) Farra do Boi. Mas na verdade isso não é nada engraçado. Da mesma maneira cruel que uma terrível "tradição" de colocar uma cidade inteira correndo atrás de um boi, maltratando e machucando o animal (Farra do Boi), outra dessas "tradições da falta do que fazer no inverno", igualmente cruel, continua sendo praticada como se fosse uma "cultural": a Farra do Surfista. E a época agora, é de correr atrás de surfista..


Acompanhem a história:


Um grupo de surfistas, sendo alguns deles competidores bem conhecidos na região, acordou cedo para aproveitar o swell desse domingo, 29 de maio, em Santa Catarina. No dia anterior, apesar de ser época da tainha, os pescadores abriram as praias para que os surfistas pudessem pegar onda. No domingo, com o mar ainda maior, nenhuma canoa conseguiria entrar no mar. Como de praxe (e como "gentilmente" acordado entre surfistas e pescadores), em dias de ondas muito grandes, os pescadores liberam o surf.

Sem entrar no mérito de ser ou não justo, que um grupo de pescadores, que pratica a pesca (predatória) da tainha em sua época de desova, tenha o direito de fechar as praias para a prática do surf e demais esportes náuticos. Ou num nível mais amplo, que pescadores fechem as portas da cidade para o dinheiro que o turismo do surf e dos esportes de onda (surf, body board, stand up, tow-in, waveski, kayak surf, body surf, etc) traz para as praias de Santa Catarina, principalmente no inverno. Ninguém, além dos pescadores, acha justo ou inteligente essa proibição.

O fato é que, achando que no domingo a praia continuaria aberta para o surf, o grupo de surfistas olhos essas ondas que estão publicadas acima e teve a certeza certeza de que as canoas não entrariam no mar com tal condição. Os surfistas colocaram as roupas de borracha e correram pra água. A partir daqui, a história é velha e bem conhecida. Pescadores saíram correndo atrás dos surfistas e partiram para a violência: encurralaram, agrediram, humilharam e ameaçaram os jovens esportistas. Um amigo, que filmava tudo, também foi agredido. E as ameaças foram fortes: "Quem colocar essas imagens na TV ou na net vai pagar! Ninguém mais vai surfar aqui! Eu sei onde tu moras!"

Isso tudo aconteceu na manhã desse domingo (29/05), no litoral sul de Santa Catarina. Seria um clássico domingão de sol e altas ondas. E altas mesmo, com ondas tão grandes que as embarcações estavam avisadas do perigo da forte ressaca e estavam fora d água. Nenhuma canoa tinha condições de enfrentar estas ondas, de cerca de 5 pés que quebravam com força e bem perto da praia.

Não vou citar os nomes dos envolvidos e nem onde isso aconteceu. Só vou utilizar esse caso de expemplo, para orientar possíveis envolvidos com esse tipo de incidente, já que agressões, principalmente em bando, é ato covarde e criminoso (e o tipo de coisa que ninguém quer ver na beira da praia, território LIVRE, de lazer e descanso).

Nem queremos aqui acusar os pescadores que realizaram tal covardia, e muito menos defender os agredidos. Mesmo porque nenhum deles sequer sabe que eu acompanhei a história toda. Até porque os envolvidos e as testemunhas normalmente não levam o caso pra frente. O medo da represália e da violência dos pescadores é um fator sempre preocupante. O que pretendemos aqui é “abrir os olhos” da mídia e das autoridades locais, para o fato de que essa "milícia do peixe" não pode ter força e autoridade de polícia, nem mesmo de prender, acusar e executar pessoas que tentam entrar no mar para praticar seu esporte.

Quem agride qualquer cidadão, deve responder na justiça pelos seus atos.

Se uma história como essa acontecer com você, vá até a delegacia e registre um boletim de ocorrência policial (o famoso B.O.), buscando desta forma que a justiça esteja ao seu lado. Quando o pescador agride, perde a razão. E se repetir a agressão ele vai preso. Se houver punição, acaba com essa prática covarde que ainda reina. Vale lembrar que a polícia tem o dever de registrar sua ocorrência, caso contrário procure também as mídias locais (jornais, rádios ou TVs).

Enquanto os surfistas se intimidarem com as ameaças e não registrarem um BO, os pescadores se acharam no direito de continuar agredindo quem entra no mar. Sem punição, os agressores ganham força, ganham moral e tendem a ficar cada vez mais violentos. Pense nisso e não seja conivente com essa violência, registre ocorrência policial.


Durante o período de pesca da tainha, a orientação é sempre a mesma:

- Procure se informar sobre as áreas permitidas para o surf, bandeiras ou regras de cada local;

- Não entre nas áreas proibidas, respeite a pesca;

- Evite atrito com os pescadores;

- Existemregras, respeite para ser respeitado;

- Se for agredido, humilhado ou ameaçado, procure as autoridades e a mídia e faça valer seus direitos como cidadão.



Você pode ler umpouco mais sobre a pesca da tainha e a relação entre surfistas e pescadores no link abaixo:







3 comentários:

  1. Parabéns pelo post e pela iniciativa...
    e só pra engordar o caldo vai aí um outro post...
    http://betinhosurfeart.blogspot.com/2010/06/epoca-da-tainha-e-cruel.html

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo post. Esse tipo de pesca "artesanal" há muito tempo deveria ser extinta!!!

    ResponderExcluir
  3. Eu não concordo que a pesca artesanal deva ser extinta. Isso faz parte de uma cultura local que deve ser preservada cada vez mais. O que deve acabar é a pesca predatória,aquela fora de época e deita por grandes embarcações.
    Parabéns pelo post. Denunciem os agressores e façam valer seus direitos. Não entendo das leis neste caso, mas acho que todo o mundo tem o direito de ir lá surfar de acordo com a constituição, PORÉM SEI QUE É RPECISO RESPEITAR PARA SER RESPEITADO. Abrassss

    ResponderExcluir