9 de setembro de 2018

GABRIEL MEDINA E CARISSA MOORE SÃO OS CAMPEÕES DO SURF RANCH PRO

Gabriel Medina, Campeão do Surf Ranch Pro 2018 e vice-líder do ranking. Foto WSL/Cestari


Por: Dadá Souza

O brasileiro Gabriel Medina e a havaiana Carissa Moore foram os grandes campeões do Surf Ranch Pro 2018, a 8ª etapa do circuito mundial da WSL. Essa foi a segunda vitória consecutiva de Gabriel Medina esse ano e a sétima vitória do Brasil em 8 eventos disputados.

Depois de 8 etapas, o circuito mundial segue completamente dominado pelos brasileiros. Gabriel Medina venceu 2 etapas, Filipe Toledo venceu 2 etapas, Italo Ferreira venceu duas etapas e Willian Cardoso venceu uma. Os brasileiros só não tiveram a chance de vencer a primeira etapa porque Tomas Hermes foi prejudicado no julgamento. Filipe Toledo é mais líder do que nunca e segue reto e direto para seu objetivo de vencer o título. Gabriel Medina segue na sua cola com um ritmo inpressionante e um retrospecto pra lá de excelente nessas últimas 3 etapas que restam. Essa briga vai ser muito boa e só um milagre tira esse título do Brasil. Julian Wilson continua na terceira posição do ranking, mas verdade seja dita, apesar de Julian ser um surfista talentoso e muito acima da média (inclusive na elite), tem bastante gente surfando melhor do que ele esse ano. 

O Surf Ranch Pro foi um passo inédito na história do surf mundial. Já havíamos visto campeonatos em piscinas a muito tempo atrás, mas essa foi a primeira vez que uma etapa do circuito mundial da WSL aconteceu em uma onda artificial de alta performance e com um novo formato de competição. Uma mudança e tanto no sempre tão conservador circuito mundial de surf. Muita gente gostou e muita gente não gostou, o fato é que o evento rodou redondinho (tirando aquele episódio de mandarem repetir as ondas) e teve um saldo mais positivo do que negativo.

Ninguém pode reclamar que não teve onda. Muita gente comentou que gostaria de ver sessões com mais personalidade nessa onda do Kelly, mas não só as ondas estavam lá como tinham hora exata para quebrar e sessões de tubo e de manobra. Todo mundo surfou na mesma condição e as ondas eram rápidas, perfeitas e, de certa forma, desafiadoras. Não teve quem não queimou as pernas tentando vencer a locomotiva. 

A WSL também entrou para a história ao decretar que homens e mulheres receberão a mesma premiação em dinheiro. Em um esporte tradicionalmente comandado e administrado por homens, surpreendeu o reconhecimento da igualdade. Justíssimo, até porque nessa mesma piscina de ondas algumas mulheres definitivamente surfaram melhor que alguns homens. Ponto para a WSL. 

Depois de dois dias de apresentações, os finalistas foram Gabriel Medina, Julian Wilson, Filipe Toledo, Owen Wright, Kanoa Igarashi, Miguel Pupo, Sebastian Zietz e Kelly Slater. Julian e Kelly chegaram às finais deixando muita gente desconfiada do julgamento e da lesão de Slater, que ninguém sabe se ainda existe, já que ele vem surfando e competindo quando quer.

PRIMEIRA RODADA

Sebastian Zietz (HAW), Miguel Pupo (BRA), Kelly Slater (USA) e Owen Wright (AUS) surfaram com dificuldade e acabaram cometendo erros fatais em suas primeiras ondas. Filipe Toledo (BRA) foi o primeiro a surfar bem, fez uma boa esquerda de 13 manobras e caiu antes de chegar no tubo. Na direita Filipinho fez 4 manobras, surfou um tubo de 11 segundos, fez 3 manobras fortes, pegou um tubo profundo e deu um aéreo rodando no final da onda e marcou 8.33. Foi o primeiro a finalizar a direita sem erros. Kanoa Igarashi (JAP) não fez uma boa esquerda e caiu na metade do percurso. Na direita ele surfou muito bem mas caiu no aéreo de finalização e marcou 8.17. Kanoa ganhou uma nota excelente em uma onda incompleta, coisa que até então não tinha acontecido. Julian Wilson (AUS) fez uma sequencia de 13 manobras meio burocráticas e errou o aéreo no final e marcou 5.73. Na direita Julian caiu no primeiro tubo sem mostrar nada demais. Gabriel Medina (BRA) errou logo no começo da sua primeira esquerda. Na direita Medina fez 3 manobras, pegou um excelente tubo de qw segundos, fez uma sequencia de manobras fortes, entubou no inside e deu um aéreo rodando no final e marcou 8.73. A primeira rodada terminou com Filipe em 1º, Kanoa em 2º, Gabriel Medina em 3º e Kelly Slater em 4º. Entre as meninas Carissa Moore fez incríveis 8.33 e 9.00 e saiu na frente, com Lakey Peterson ficou em 2º, Caroline Marks em 3º e Stephanie Gilmore em 4º.

SEGUNDA RODADA

Sebastian Zietz surfou a esquerda de um jeito meio burocrático e caiu na metade do percurso. Na direita Seabass fez sua primeira boa onda, só caiu na finalização e marcou 7.90. Passou de 8º para 2º. Miguel Pupo surfou uma ótima esquerda, destruiu sua onda, levantou a torcida e marcou 8.13. Na direita Miguelito errou no primeiro tubo e não fez uma boa onda. Kelly Slater errou logo no início da esquerda. Na direita Kelly surfou como nos velhos tempos e fez 8.60. Com essa onda Slater passou de 4º para 2º. Owen Wright surfou uma ótima esquerda, só errou a manobra de finalização e marcou 7.43. Trocou a nota. Na direita Owen foi mais burocrático e acabou caindo dentro do primeiro tubo. Filipe Toledo tinha que trocar 6.83 na sua esquerda. Surfou agressivo, rápido, mas não saiu do tubo e marcou 6.20. Na direita Filipe foi monstruoso e surfou a melhor onda de todo o campeonato, deveria ter ganhado uma nota 10 unânime e marcou 9.80.  Pouco mais de um ponto de diferença entre as ondas do Kelly e do Filipe foi algo tão feio que expôs os juízes ao ridiculo. Kanoa Igarashi caiu na esquerda e fez uma boa direita, mas não trocou suas notas. Julian Wilson surfou burocrático demais na sua esquerda, alisou demais telegrafando o aéreo do final, e caiu na manobra de finalização. Na direita Julian até fez uma boa onda, mas caiu na finalização. O vice-lider do ranking foi para a última colocação. Gabriel Medina precisava fazer uma boa esquerda, surfou um pouco mais seguro, finalizou com um aéreo kerrupt no final da onda e marcou 8.53. Na direita surfou com muita potência, entubou fundo e com muita técnica, mas caiu na última manobra.  Medina finalizou a segunda rodada na 1ª colocação, com Filipe Toledo em 2º, Kelly Slater em 3º e Sebastian Zietz em 4º. Entre as meninas Carissa Moore melhorou suas notas e disparou na liderança. As demais posições não se alteraram.

Depois disso alguém falou que as ondas não foram iguais para todos  e que os e as surfistas teriam o direito de surfar novamente para a esquerda. Problemas com o vento? Com o fluxo de agua? Com o operador da maquina? Para variar ninguém falou nada. Quem se beneficiou com a onda extra foi Kanoa Igarashi, que de 5º passou para 3º, rebaixando Kelly e Sebastian Zietz, e Gabriel Medina, que já estava em 1º e melhorou sua nota na esquerda ampliando a sua vantagem. 

TERCEIRA RODADA 

Sebastian Zietz bem que lutou para tentar surfar bem, mas simplesmente não conseguiu. De qualquer maneira fez sua melhor nota na esquerda na competição: 7.17 e finalizou a etapa na 7ª colocação. Miguel Pupo tinha 8.13 na esquerda, surfou uma boa onda, mas errou na finalização e não melhorou sua nota. Na direita Miguel Pupo tinha 4.83, uma nota fácil de trocar, mas caiu no primeiro tubo e não conseguiu trocar sua nota e terminou o evento na 8ª colocação.  Kelly Slater surfou uma ótima esquerda, sua melhor esquerda no evento. Kelly precisava de 9.13 para superar a onda de Medina, mas marcou 7.67. Na direita Kelly não foi bem e terminou a etapa na 3ª colocação, seu melhor resultado no ano. Owen Wright, que vinha sendo um dos melhores surfistas da competição nos primeiros dias, muito pouco mostrou nas finais. Na esquerda Owen caiu logo no início da onda e na direita fez uma onda boa mas um tanto conservadora e ganhou 7.97 pontos e terminou o evento na 5ª colocação. Filipe Toledo precisava melhorar um 6.83 na esquerda, surfou bem e com muita pressão, mas caiu no aéreo de finalização. Marcou 7.23. Na direita Filipe não conseguiu melhorar sua onda. Filipe terminou o evento na 2ª colocação e continua na liderança do ranking. Kanoa Igarashi surfou mal na esquerda, surfou mal na direita e não conseguiu melhorar sua posição e terminou o evento na 4ª colocação. Julian Wilson que não fez nenhuma boa apresentação nas finais, foi para a esquerda precisando melhorar um 6,57, não conseguiu e com isso o título da etapa foi para o brasileiro Gabriel Medina, que se consagrou Campeão do Surf Ranch Pro. 

Entre as meninas Carissa Moore fez uma campanha espetacular no Surf Ranch e foi a grande campeã do evento surfando com grande competência. Stephanie Gilmore surfou uma excelente direita, fez 8.87 e ficou na 2ª colocação. Lakey Peterson ficou em 3ª e Caroline Marks (USA) na 4ª colocação.

Filipe Toledo, vice-campeão do Surf Ranch Pro 2018 e líder do ranking. Foto WSL/Cestari

OS PONTOS FRACOS DO EVENTO

Como ainda estamos vendo os primeiros eventos em piscinas com onda, muita coisa ainda precisa melhorar, por isso listamos aqui as principais reclamações do público sobre o evento.

Uma das coisas que a galera na web mais reclamou é que na piscina não tem aquela emoção da entrada da série, não tem disputa de onda, nem briga pela prioridade, nem se testa o posicionamento dos surfistas. Tudo é muito mecânico, muito igual, muito perfeitinho, mas sem sal e, principalmente, sem pimenta. Talvez ainda precisemos nos acostumar com o surf fora da sua natureza. 

Um dos maiores problemas desse evento, segundo os competidores, é que simplesmente não dava para treinar, nem fazer aquele surf matinal de aquecimento, muito menos testar quilhas ou pranchas. Sem poder treinar antes da competição, só conseguiu entrar em sintonia com as ondas quem já tinha experiência na piscina. Isso na oitava etapa do tour, com tanta gente precisando desesperadamente de pontos para se classificar para o ano que vem. Muita gente ficou mal da cabeça.  Se a gente levar em consideração que o Kelly já fechou Fiji antes de uma etapa para que ninguém mais pudesse treinar, não é surpresa ele fazer isso em sua própria piscina.

As ondas também deixaram muita gente confusa. Apesar de serem todas iguais, definitivamente não eram todas iguais. Algumas eram maiores e algumas menores. Não se sabe se foi por causa do vento, do fluxo de água ou se era coisa de quem operava a máquina. Ainda sobre as ondas, a piscina aparentemente seguiu a mesma regra do restante do circuito e valorizou bem mais as direitas. Impossível não admitir que as direitas da piscina são muito melhores do que as esquerdas.

As ondas perfeitas do Surf Ranch devem ser ótimas para se surfar. Ninguém duvida disso. Mas para quem assistiu o evento foi um pouco monótono. Ondas sempre iguais, muita propaganda e muito pouca emoção. Faltou colocarem as notas na tela e faltou de vez em quando repetirem as melhores ondas para que todo mundo pudesse comparar melhor as ondas e as notas. Não se sabe se foi esquecimento ou se foi proposital, afinal o surf tem um público apaixonado, que analisa criticamente o julgamento da WSL na web e isso tem desagradado o "dono" da WSL. 

As ondas do Surf Ranch também receberam críticas. São lindas, perfeitas e velozes. Por outro lado, são ondas leves, rápidas demais, burocráticas demais e que nem sempre proporcionam grandes manobras. Raros foram os surfistas que conseguiram inverter o bico da prancha em suas rasgadas. Definitivamente surfar bem nessas ondas não para qualquer um. A diferença entre os melhores do tour para os coadjuvantes, que já é enorme, se acentuou bastante.

Surfar na onda artificial do Surf Ranch é muito diferente do que surfar no oceano. Na piscina você sabe que vai surfar, sabe que a onda vai entrar e precisa e que você precisa planejar muito bem a linha de surf para aproveitar as muito bem definidas sessões de cada onda. Alguns não entenderam isso.

No meio de um circuito mundial da WSL essa etapa pareceu meio perdida. Outro formato, outro tipo de onda, outras regras.... Mas definitivamente é uma ideia que pode ser adotada com sucesso pelos jogos olímpicos e uma ótima oportunidade para se criar um circuito paralelo. 


O JULGAMENTO 

Com ondas tão iguais, o julgamento perde muito da subjetividade (pelo menos deveria) e a performance dos atletas é o que faz a diferença. Sem precisar se preocupar com as ondas, os juízes teoricamente podem prestar mais atenção nos detalhes e descontar todos os erros cometidos, tal qual acontece na ginástica olímpica. Mas a verdade é que uma dúvida ficou no ar: será que podemos dizer que os juízes da WSL estão acompanhando a evolução do surf? 
Compara aí o 9.80 do Filipe Toledo com as notas mais altas de seus adversários e isso fica claro como o sol. 

O julgamento, que já vinha sendo o Calcanhar de Aquiles da WSL desde os tempos da ASP, continua colocando em cheque a credibilidade do circuito para muita gente. Não são poucos os confrontos que tem seu resultado questionado e cercados de polêmica. No Surf Ranch Pro, com ondas aparentemente iguais para todos, o julgamento mostrou a mesma inconsistência das outras etapas e muitos resultados foram questionados e ridicularizados na internet. Nem os atletas, nem os jornalistas, nem o público está entendendo.

A próxima etapa acontece de 03 a 14 de outubro na França.

Confira aqui como ficou o ranking atualizado após 8 etapas:






19 de agosto de 2018

GABRIEL MEDINA VENCE EM TEAHUPO´O


Medina Campeão em Teahupo´o. - Foto @WSL



Por: Dadá Souza


Com uma virada na última onda, Gabriel Medina se consagrou campeão do Tahiti Pro, a 7ª etapa (de um total de 11) do circuito mundial da WSL. Medina surfou com superioridade durante todo o evento e venceu n grande final o australiano Owen Wright por 13.50 a 12.07. Essa foi a segunda vitória de Medina em Teahupo´o (a primeira foi em 2014). Ao conquistar o título dessa etapa Medina se tornou o 4º brasileiro a vencer uma etapa em 2018 e assumiu a vice-liderança do ranking mundial.

Não foi um evento bom de ondas. Teahupo´o normalmente é uma onda temida e assustadora, mas nesse evento as ondas quebraram pequenas demais durante toda a competição. Faltaram as ondas grandes, faltaram os tubos, faltaram os wipouts e faltaram os high scores. Não foi um "Tchoppão" daqueles, foi um "Tchoppinho" mesmo. Emocionante como um evento na piscina do Kelly.

Medina surfou esse evento com confiança e determinação e desde o Round 1 Gabriel mostrou que estava ali para vencer a competição. Venceu fácil Wiggolly Dantas e Tomas Hermes no Round 1; venceu novamente Wiggolly Dantas no Round 3; venceu Kolohe Andino e Yago Dora no Round 4; venceu (fácil) Italo Ferreira nas Quartas; venceu Jeremy Flores na semi; e venceu Owen Wright, de virada, na grande final. Uma campanha com 100% de aproveitamento que coroou a primeira vitória de Medina em 2018.

Depois de 7 etapas, Filipe Toledo é o líder do ranking com 41.985 pontos; Gabriel Medina é o novo vice-líder, com 35.685 pontos; Julian Wilson caiu para a 3ª colocação, com 32.380 pontos; Italo Ferreira continua na 4ª colocação, com 30.160 pontos; e Wade Carmichael é o 5º com 26.660 pontos.
(Veja o ranking completo atualizado aqui).



 Foto: Damien Poullenot / WSL

ROUNDS 1 e 2  

Os primeiros Rounds do Tahito Pro 2018 foram mornos, quase frios. O Round 2 fez a primeira limpa nos competidores. O local Tikanui Smith derrotou o vice-lider do ranking Julian Wilson, que deu um mole danado e foi eliminado da competição cedo demais. Jordy Smith não teve muito trabalho para derrotar o local Mateia Hiquily. Wiggolly Dantas eliminou seu compatriota Willian Cardoso por uma diferença de 6 centésimos. O queridão da WSL Mikey Wright eliminou da disputa o brasileiro Miguel Pupo. Ian Gouveia eliminou o norte-americano Griffin Colapinto, que estava pouco a vontade em Teahupo´o. Owen Wright eliminou da disputa o francês Joan Duru. Michael February venceu Conner Coffin por 7 centésimos de ponto. Michael Rodrigues eliminou o havaiano Keanu Asing. Kanoa Igarashi eliminou o australiano Matt Wilkinson. Jeremy Flores venceu o norte-americano Pat Gudauskas por uma diferença de 2 décimos. Jesse Mendes derrotou o havaiano Sebastian Zietz (e alguns juízes implicantes) em uma bateria bastante disputada. E na última bateria do R2 Yago Dora eliminou Tomas Hermes na última bateria do dia.  Um round inteiro de ondas pequenas e de notas baixas. Só duas ondas ultrapassaram a casa dos 8 pontos. A primeira com Jordy Smtih (8.17) e a segunda com o Yago Dora (8.50).


ROUND 3

O Round 3 começou com um duelo sul-africano e o novato Mike February eliminou o top 5 do ranking Jordy Smith e deixou o caminho aberto para os brasileiros. Ezekiel Lau eliminou o brasileiro Michael Rodrigues. Wade carmichael eliminou o brasileiro Jesse Mendes em uma bateria de julgamento polêmico. Owen Wright eliminou da disputa o seu compatriota Joel Parkinson. Kanoa Igarashi eliminou o brasileiro Adriano de Souza. Filipe Toledo eliminou o sul-africano Jordy Smith com facilidade. Gabriel Medina eliminou da competição o brasileiro Wiggolly Dantas. Kolohe Andino eliminou o português Frederico Morais. Yago Dora venceu (fácil) o australiano Mikey Wright. Connor O´Leary eliminou o tahitiano Michel Bourez. Jeremy Flores eliminou o australiano Adrian Buchan. E na última bateria do Round 3 Italo Ferreira eliminou Ian Gouveia em um confronto polêmico. Ian Gouveia pareceu ter saído prejudicado com um snake feito pelo Italo Ferreira no começo do confronto. Um Round realiado em ondas bem pequenas e difíceis. Só duas ondas ultrapassaram a casa dos 8 pontos. A primeira com Owen Wright (8.00), a segunda com Connor O´Leary (9.20).

ROUND 4 

O Round 4 definiu os finalistas do evento. Na primeira bateria do R4 o sul-africano Michael February e o australiano Wade Carmichael garantiram as duas primeiras vagas nas quartas de final e mandaram o havaiano Ezekiel Lau de volta pra casa. Na segunda bateria o australiano Owen Wright e o brasileiro Filipe Toledo garantiram a vaga na semi (o Owen agraciado com notas bem generosas) e eliminaram o norte-americano Kanoa Igarashi da competição. Na terceira bateria Gabriel Medina e Kolohe Andino (USA) garantiram suas vagas na semi e eliminaram da disputa o brasileiro Yago Dora. Na quarta bateria Jeremy Flores e Italo Ferreira garantiram as duas últimas vagas para as quartas de final e eliminaram da disputa o australiano Connor O´Leary. Mais um round definido em ondas pequenas e com notas baixas. Somente 3 notas ultrapassaram a casa dos 8 pontos. Michael February (8.93), Jeremy Flores (8.17) e Connor O´Leary (8.17).


QUARTAS-DE-FINAL

Filipe Toledo (BRA) x Michael February (ZAF) – Filipe Toledo começou com uma onda de três rasgadas e marcou 6 pontos. February pegou um tubinho e marcou 4.93. As ondas estavam bem demoradas. Filipe pegou um bom tubo, caiu na volta de um cutback e marcou 5.43. Filipe manteve o domínio por toda a bateria, surfou calmo e economizou energia. Faltando 3 minutos para o otérmino da bateria Filipe remou em uma onda, não entrou, e perdeu a prioridade. Por sorte não entrou outra onda e Filipe se classificou para a semifinal. Michael February terminou o evento na 5ª colocação. Era o 31º do ranking antes de Teahupo´o e agora é o 27º.  Essa bateria pode ser assistida aqui.

Owen Wright (AUS) x Wade Carmichael (AUS) -  Duelo australiano. Owen Wright saiu na frente somando uma onda regular e uma onda fraca (6.83 e 2.67). Wade Carmichael começou com uma onda fraca (4.50). Faltando 18 minutos para o término da bateria Owen pegou uma onda sem a prioridade, pegou um ótimo tubo e marcou 9.17. Carmichael se abalou e Owen só precisou administrar o resultado até o final do confronto. Owen se classificou para a semi, Carmichael terminou o evento na 5ª colocação. Carmichael era o 6º do ranking e agora é o 5º. Nada mal para um estreante. Essa bateria pode ser assistida aqui.

Gabriel Medina (BRA) x Italo Ferreira (BRA) – Um terço dessa bateria passou em branco. Italo abriu o confronto com um tubo curto que lhe rendeu 3 pontos. Medina pegou um ótimo tubo, rasgou forte e fez mais duas manobras e marcou 7.67. Medina ainda marcou mais 5.43 na bateria anterior e deixou Italo precisando de uma combinação de duas ondas. Italo passou a arriscar bastante e errou quase tudo que tentou.  Ainda fez uma nota 4.57 no finalzinho da bateria. Gabriel Medina venceu com facilidade e conquistou a vaga na semi. Italo ficou na 5ª colocação e não mudou sua posição no ranking. Era o 4º do ranking antes de Teahupoo e mantem sua posição após a sétima etapa. Essa bateria pode ser assistida aqui.

Jeremy Flores (FRA) x Kolohe Andino (USA) – Metade dessa bateria se passou praticamente em branco. Faltando pouco menos de 20 minutos Jeremy pegou um excelente tubo, manobrou forte e marcou 8.17. Kolohe apostava nas manobras e nas ondas pequenas. Jeremy estava afiado e estava sintonizado com os tubos. Faltando 5 minutos Jeremy pegou um bom tubo, marcou 5.17 e deixou Kolohe precisando de uma combinação de ondas. Jeremy venceu fácil e garantiu a última vaga na semi. Kolohe finalizou o evento na 5ª colocação. Era o 15º do ranking, agora é o 10º. Essa bateria pode ser assistida aqui.



SEMIFINAIS

Filipe Toledo (BRA) x Owen Wright (AUS) – Filipe chegou até a semi soberando em Teahupo´o. Owen chegou com alguns julgamentos generosos a seu favor, mas chegou na semi com o status de especialista nessa onda. Owen saiu na frente somando 6.67 e 4.93. Filipe começou a bateria com notas muito fracas. Faltando 19 minutos Filipe marcou sua primeira nota: 4.73.  Faltando 12 minutos Filipe acertou um aéreo rodando em uma onda pequena e marcou 4.33.   Faltando pouco mais de 10 minutos Filipe pegou uma onda de 3 manobras e marcou 4.70. Filipe Toledo ainda precisava de 6.87. Faltando 7 minutos Owen pegou uma boa onda, entubou, deu duas rasgadas e uma batida pequena e marcou 5.93. Filipe ficou com a prioridade nos minutos finais da bateria, mas ficou precisando de 7.30 para virar o resultado. Owen garantiu a primeira vaga na final e Filipe terminou o evento na 3ª colocação, seu melhor resultado em Teahupo´o.  Filipe era líder antes da etapa do tahiti e saiu de Teahupoo como líder. Uma ótima etapa para Filipe Toledo. 



Gabriel Medina (BRA) x  Jeremy Flores (FRA) - Medina chegou até a semi absoluto. Surfou mais que seus adversários e mais do que disseram suas notas ao longo do evento. Jeremy chegou até a semi sempre surfando bons tubos. Ambos campeões dessa etapa, Medina em 2014, Jeremy em 2015. Gabriel Medina saiu na frente com uma nota 7.10. Logo em seguida Medina surfou outra onda parecida, deu alley-oop e uma cassetada na finalização e marcou mais 8.07. Jeremy entubou e fez mais três manobras e marcou 5.67, uma nota que pra muita gente pareceu baixa demais. O surfista das Ilhas Reuniao ainda precisava de 9.50 para virar o resultado. Gabriel Medina venceu a bateria e garantiu sua vaga na final do evento. Jeremy terminou o evento na 3ª colocação. Era o 18º do ranking, agora é o 12º do ranking.



FINAL

Owen Wright (AUS) x Gabriel Medina (BRA) – Dois goofies chegaram à grande final do evento. Owen saiu na frente com uma nota 6.50. Medina deu sua resposta e marcou 6.17. As notas do Medina não saiam nem quando ele manobrava nitidamente mais forte. Owen ganhou 4.30 em um tubo que nunca deveria ser considerado um tubo. Faltando 10 minutos Owen tinha a prioridade e Medina precisava de 4.54 para virar o resultado. Medina tentou em duas ondas, mas as ondas foram muito ruins. Nos últimos 2 minutos Owen pegou uma onda boa e marcou 5.57. Medina pegou uma onda nos instantes finais, entubou fundo, saiu seco e manobrou forte. Marcou 7.33, virou o resultado e venceu a etapa. Gabriel Medina campeão em Teahupo´o.



A briga pelo título mundial deve meso ficar entre Filipe Toledo e Gabriel Medina. Medina já venceu no Surf Ranch, na França e em Portugal (e tem dois vices em Pipe). Filipe Toledo já venceu em Portugal e já fez quartas-de-final na França e em Pipe. Essa briga vai ser boa. São dois surfistas que realmente estão surfando um nível acima. E para deixar tudo ainda mais interessante, ainda tem Julian Wilson e Italo Ferreira na briga direta pelo título.

A maior nota: 9.17 (Owen Wright)
A maior média: 16.00 (Owen Wright)
As maiores notas das finais: 9.17 (Owen Wright); 8.17 (Jeremy Flores); 8,07 (Gabriel Medina)
Ranking Atualizado: Aqui 

A próxima etapa acontece de 6 a 9 de setembro no Surf Ranch do Kelly Slater.
Ainda faltam 4 etapas: Surf Ranch (California), na França,  em Portugal e em Pipeline (Hawaii).


A propósito, os brasileiros venceram 6 das 7 etapas do circuito e ocupam 3 dos 4 lugares do topo do ranking. Não estaria na hora dos brasileiros serem melhor julgados?


5 de julho de 2018

FILIPE TOLEDO VENCE EM J-BAY E ASSUME A LIDERANÇA DO RANKING

WSL/Pierre Tostee

Por: Dadá Souza

O brasileiro Filipe Toledo venceu hoje, pela segunda vez consecutiva, o clássico evento de Jeffrey´s Bay, a mítica onda da África do Sul. Filipinho venceu seu segundo evento em 2018, mostrou que está surfando bem mais do que um nível acima e assumiu a liderança do circuito mundial.

Não se trata de torcida ou ufanismo. Filipe Toledo fez um evento perfeito em J-Bay. Uma campanha irretocável e arrasadora. No Round 1 Filipinho venceu Matt Wilko e Wiggolly Dantas sem dificuldade comando 13.84; no Round 3 derrotou Yago Dora somando 16.60; no Round 4 venceu Sebastian Zietz e Adriano de Souza com a somatória de 17.23; no Round 5 eliminou Gabriel Medina somando 17.50; na semifinal atropelou Kanoa Igarashi somando 18.90 pontos; e na final derrotou o australiano Wade Carmichael por 16.80 a 15.33. Um total de 100,87 pontos e uma certeza: ninguém nunca surfou como Filipe Toledo em Jeffrey´s Bay. Ninguém.

Wade Carmichael também foi um grande surfista em J-Bay. Seu surfe foi sempre muito potente e agressivo e não deixou dúvidas em suas apresentações. Wade apareceu no circuito com seu jeito quietão, sem equipe, família ou purpurinas. Já fez duas finais em 2018 e é o atual top 6 do ranking. Provavelmente será o Rookie of the Year esse ano. Power surfe sem firulas.

A troca de guarda no circuito mundial é mais do que evidente. Antes algumas ondas separavam os homens dos meninos. Hoje os meninos cresceram e estão lanchando seus ídolos no café da manhã. Filipe Toledo sem dúvida alguma ditando um novo ritmo para as ondas de J-Bay. Sua segunda vitória na "Baía do Jeferson" também nos revela um segredinho dessa onda: poucos a dominam.  De 2000 pra cá Mick Fanning venceu ali por 5 vezes, Kelly Slater venceu 4, Joel Parkinson, Jordy Smith e Jake Paterson venceram 2 vezes em J-Bay. Fora isso vitórias ocasionais de Taj, Andy e Mineiro (no QS). Em 17 anos somente oito surfistas venceram ali. 

O Corona Open J-Bay foi a 6ª das 11 etapas do circuito mundial. Um campeonato tão especial que é difícil acreditar que um dia alguém resolveu tirar essa etapa do tour.  Ondas desafiadoras, local selvagem, ondas alucinantes, surf de alta performance para tubos, manobras. Sem falar nos tubarões brancos que sempre aparecem para conferir as baterias de perto. Para quem está no Brasil não é um evento fácil de acompanhar, mas foi a etapa do ano até agora. 

Vale lembrar que essa foi a 5ª vitória brasileira em 6 etapas realizadas e que o Brasil está liderando o CT com o Filipe Toledo e o QS com o Peterson Crisanto. O Brasil hoje tem a maioria dos competidores do Championship Tour e caminha reto e direto para seu terceiro título mundial.



QUARTAS DE FINAL


Conner Coffin (USA) e Wade Carmichael (AUS) abriram as quartas com uma bateria morna que só esquentou com a presença de um tubarão branco no lineup. Wade surfou melhor, fez duas notas na casa dos 6 pontos e venceu a disputa por 12.87 a 10.40. Essa bateria está disponível aqui

Julian Wilson (AUS) e Jordy Smith (ZAF) fizeram um grande confronto. O líder do ranking contra o talentoso sul-africano. Um duelo acirrado onde quem ganhou foi o público. Jordy Smith escolheu melhor suas ondas, surfou um pouco melhor e venceu a disputa por 13.43 a 12.96. A galera na praia fez muito barulho e o líder do ranking foi eliminado da competição. Essa bateria está disponível aqui.

Filipe Toledo (BRA) e Gabriel Medina (BRA) fizeram o confronto brasileiro das quartas. Filipe saiu na frente e dominou a bateria somando 8.17 e 7.93. Medina entrou na bateria já na metade do confronto com uma onda de 7 manobras que lhe rendeu 9.10 pontos. Faltando 2 minutos para o fim da bateria, Medina precisava de 7 pontos, pegou uma boa onda de 6 manobras mas não conseguiu virar o resultado . Filipe Toledo venceu por 16.10 a 15.60.


Kanoa Igarashi (JPN) e Sebastian Zietz (HAW) fecharam as quartas com confronto dominado pelo Kanoa Igarashi que escolheu as melhores ondas e surfou sem erros. Essa bateria está disponível aqui.

                                                      
SEMIFINAL

Wade Carmichael (AUS) e Jordy Smith (ZAF). A briga do novato no tour contra o bicampeão do evento começou com poucas ondas surfadas. Jordy começou surfando melhor, Wade Carmichael virou a bateria depois da metade do confronto com uma boa onda. Faltando pouco mais de 7 minutos Jordy surfou uma excelente onda e marcou 6.23 e não gostou da nota. Faltando menos de 4 minutos Wade Carmichael estava tranquilo com a prioridade nas mãos. Jordy pegou uma última onda, começou bem, mas arriscou tudo em um aéreo superman, caiu e perdeu a chance de ir para final.




Filipe Toledo (BRA) e Kanoa Igarashi (JPN) Filipinho e Kanoa é sempre certeza de rivalidade. Aquela interferencia ficou atravessada na garganta de Filipinho. Uma interferência que tem custado bem caro para o japonês até hoje. Kanoa não começou mal. O "problema" foi que o Filipe Toledo começou surfando muito forte, muito rápido e emplacou duas notas sólidas rapidinho 9.57 e 9.33. Kanoa Igarashi ficou em combinação de ondas e nada pode fazer contra o brasileiro.




FINAL

Filipe Toledo (BRA) x Wade Carmichael (AUS) fizeram a grande final do Corona Open J-Bay com méritos. Durante todo o evento foram dois surfistas que se encaixaram muito bem nas ondas de Jeffrey´s Bay e que jogaram muita água pra cima. Filipe, surfando muito rápido abriu a bateria com uma nota 8.50. Wade, surfando muito forte, abriu com uma nota 8.  Poucas ondas estavam entrando e faltando poucos minutos para o final da bateria Filipe Toledo pegou uma ótima onda, marcou 8.30 e aumentou sua liderança. Filipe bicampeão em JBay surfando de forma sempre avassaladora





“Eu sempre sonhei em conseguir duas vitórias seguidas no mesmo evento e não poderia ser mais especial isso acontecer aqui em J-Bay”, disse Filipe Toledo. “No ano passado deu altas ondas, esse ano tivemos boas ondas também todos os dias e só tenho que agradecer à Deus. Obrigado Jesus, minha família e a todos que torcem por mim. Eu me sinto muito abençoado agora por tudo que vem acontecendo comigo esse ano”.




RANKING ATUALIZADO

Filipe Toledo é o novo líder do ranking seguido de Julian Wilson, Gabriel Medina, Italo Ferreira, Jordy Smith, Wade Carmichael e Willian Cardoso. 





DITADURA FACEBOOK

Para ganhar alguma grana, a WSL fechou um contrato com o Facebook para fazer as transmissões pela controversa plataforma do igualmente controverso Mark Zuckerberg. Ser obrigado a assistir o evento pelo facebook, a gente até entende, mas transmissão monótona, sem opções de escolha, com um "chat chato" e com pouca informação não deu para engolir.  A reclamação foi mundial. 


SHARK WEEK WSL


Em Margaret River dois ataques em praias próximas ao campeonato fizeram com que a diretoria da WSL cancelasse o evento. Em Jeffrey´s Bay o evento foi paralisado duas vezes por ter tubarão na área da competição, filmaram o bicho, esperaram ele passar e o evento voltou pra água. Imagine você como deve ter ficado feliz o Departamento de Turismo de Margaret River que pagou uma fortuna para que o evento promovesse a sua cidade...

3 de junho de 2018

ITALO VENCE EM KERAMAS E ASSUME A LIDERANÇA DO RANKING

Por: Dadá Souza

O brasileiro Italo Ferreira venceu o Corona Bali Protected, a 5ª etapa do circuito mundial da World Surf League, garantiu sua segunda vitória em 2018 e assumiu a liderança do ranking surfando com um ritmo impressionante em Keramas. 


Italo Ferreira, campeão em Keramas - Foto: WSL/Ed Sloane

A etapa de Keramas não decepcionou. Um evento todo com ótimas ondas. Sempre bom, sempre abrindo, sempre perfeito. No último dia ondas bem menores, mas ainda assim com ótima formação. De negativo nesse evento só a quantidade de lixo plastico que passa boiando no mar. Diminuir o lixo plástico é tão necessário que deveria ser a Nova Ordem Mundial.

Essa foi a 5ª etapa consecutiva com ondas para a direita. Tá certo que Saquarema podia ter rolado nas clássicas esquerdas de Itaúna e que a etapa de Margaret River, cancelada por causa dos ataques de tubarão, será finalizada nas esquerdas de Uluwatu, mas a verdade é que o circuito tem priorizado as direitas. A escolha de Keramas, uma direita na terra de tantas esquerdas icônicas é até difícil de explicar. Daria para dizer que é nítido que os regulars estão levando vantagem sobre os goofies com essa escolha não fossem dois nomes: Italo Ferreira e Gabriel Medina. Dois goofies que tem sido o pesadelo de praticamente todos os regulars do circuito. 

 Italo Ferreira, o surfista Nota 10 em Keramas - Foto: WSL/Kelly Cestari


Italo Ferreira vez um evento e tanto em Keramas. Só a vitória lhe daria a liderança do ranking e não restou pedra sobre pedra em seu caminho. Foi contido e eficiente na primeira metade da competição e agressivo e invencivel na segunda metade. Italo começou o evento perdendo para Joel Parkinson no Round 1, depois venceu o wildcard Barron Mamiya no Round 2 e venceu o brasileiro Tomas Hermes no Round 3. Até aqui Italo surfou economizando energia. Daqui em diante Italo mudou a chave para o modo matador e começou a atropelar seus oponentes. No Round 4 venceu Filipe Toledo e Adriano de Souza somando 17 pontos; Nas quartas derrotou um inspirado Jeremy Flores somando 16.20; Na semi Italo derrotou Jordy Smith fazendo a única nota 10 do evento e na Final Italo venceu Michel Bourez somando 18.87 pontos. Sempre muito rápido, sempre bem radical e agressivo, sempre com as manobras linkadas e com um ótimo repertório de manobras aéreas. Não foi a toa que Italo venceu esse evento. 

"Essa onda aqui é perfeita, lembra bastante a da minha casa (Baía Formosa). Eu tenho surfado bem cedo aqui todos os dias porque eu amo essa onda e queria aproveitar ao máximo. Hoje (domingo) foi um dia perfeito. O Michel Bourez tem realmente um power-surf, provavelmente o melhor do Tour, então eu sabia que precisava fazer o meu melhor para vencer. Felizmente para mim, encontrei algumas boas ondas para mostrar o meu surfe"



Filipe Toledo terminou o evento na 5ª colocação. Surfou muito, sobrou em quase todas as suas baterias e acabou perdendo para Jordy Smith em uma bateria onde o sul-africano foi agraciado com a maior nota do dia. 

Silvana Lima fez um grande evento em Keramas, acabou na 5ª colocação e está entre as Top 10 do ranking na 8ª colocação. Tyler Wright e Lakay Peterson fizeram a final feminina. Uma bateria super disputada onde brilhou a estrela de Lakey Peterson que também venceu sua segunda etapa em 2018. Lakey segue mais líder do que nunca.


QUARTAS DE FINAL



As quatro baterias das quartas de final apresentaram ondas boas, ondas perfeitas, surfe de alto nível, as 4 foram baterias bastante disputadas mas três delas acabaram com muita gente criticando o julgamento.

Michel Bourez (PYF) e Griffin Colapinto (USA) fizeram a primeira bateria das quartas. Bourez abriu a bateria com um tubo, rasgou forte e finalizou com uma batida na junção e marcou 7.67. Já na metade da bateria Griffin pegou uma onda maior, pegou um belo tubo, fez um cutback, uma rasgadinha e finalizou com uma batida na junção. Marcou 8.50. A segunda nota do norte-americano foi um 5.63 em uma onda de manobras fracas. Bourez fechou a bateria com uma onda bem menor, fez um tubo longo, algumas manobras e fez 8.50. Comparando as duas notas 8.50 eu diria que tem uma certa discrepância. Bourez, que mostrou mais comprometimento que Colapinto, venceu a disputa por 16.17 a 14.43.  Você pode assistir essa bateria aqui  

Mikey Wright (AUS) e Willian Cardoso (BRA). De um lado o australiano que vem tendo todas as portas abertas no tour. Do outro lado o estreante brasileiro que teve que se classificar pelo QS para participar do CT. Willian parecia disposto a resolver na porrada. O “brazilian Sunny Garcia” surfou forte e jogou muita água pra cima. Mikey parecia disposto a resolver tudo nos tubos. Faltando menos de 2 minutos para o termino dessa bateria Willian pegou uma boa onda, entubou fundo wsaiu com a pequena baforada, fez um cutback e finalizou com uma batida na junção. Marcou 7.53. Mikey Wright ficou sozinho no outside, pegou uma onda menor que a do Willian, fez um tubo mais longo mas bem mais espremido, um cutback e duas manobras fracas. Ele precisava de mais de 8 pontos e ganhou 8.43. Pareceu muita nota, principalmente com esse discurso da WSL de que os juízes ficaram mais exigentes e que a escala das notas está mais baixa. Na web muita gente achou injusto. Aliás, muita gente acha bastante injusto um convidado correr boa parte do CT sem ter se classificado para isso.  Você pode assistir essa bateria aqui  

Jordy Smith (ZAF) e Filipe Toledo (BRA) fizeram uma bela disputa. Jordy Smith começou a bateria pegando um belo tubo por trás do pico e duas manobras fracas. Ganhou 9.57. Sem dúvidas um ótimo tubo, mas com o resto da onda foi fraco. Filipe pegou um tubo mais espremido que o de Jordy, entubou por bastante tempo, saiu e fez duas manobras também não muito fortes. Ganhou 6.83. Faltando 3 minutos para o fim da bateria Jordy fez um pequeno aéreo rodando e somou mais 5.77. Na onda de trás Filipe pego um tubo, fez mais 4 manobras, sempre puxando a o máximo o bico da sua prancha e fez 7.57. Jordy Smith, venceu por 15.34 a 14.40 mas muita gente não engoliu essa. Você pode assistir essa bateria aqui 

Italo Ferreira (BRA) e Jeremy Flores (FRA) fecharam as quartas com um duelo e tanto. Italo resolveu a bateria já na primeira metade do confronto. Sua primeira nota foi uma onda de quatro manobras bem fortes (7.67). A segunda nota foi uma onda de 6 manobras, todas também muito fortes(8.60). Uma performance porreta do líder do ranking que não deixou nenhuma margem para discussão. Jeremy fez sua primeira nota faltando 10 minutos para o fim do confronto. Um tubo muito bom, um cutback e uma finalização forte. Marcou 9 pontos. Nos últimos 5 minutos de bateria Jeremy surfou uma boa direita, manobrou forte e fez 6.73. Uma performance incrível de Jeremy Flores nesse evento. Italo venceu por 16.20 a 15.73. Você pode assistir essa bateria aqui


SEMIFINAL

Michel Bourez x Mikey Wright. O experiente tahitiano contra o convidado australiano. Pena que essa foi uma bateria com poucas ondas. A primeira onda da bateria só apareceu lá pelos 12 minutos. Mikey Wright errou muito e só surfou ondas medíocres. Bourez mostrou mais   comprometimento, fez duas ondas regulares, mas muito bem surfadas e venceu a disputa por 14.27 a 5.67.



Italo Ferreira x Jordy Smith. Italo fez sua primeira nota bem no início da bateria. Sete cassetadas de backside lhe renderam um 7.13. Jordy veio na onda de trás, fez cinco manobras e ganhou 8 pontos. Italo foi mais agressivo, Jordy mais estiloso. A discussão acabou quando Italo dropou uma boa onda, mandou um aéreo rodando muito alto já na primeira manobra, duas cassetadas, um pop shovit e finalizou a onda com uma batidinha de base trocada. Nota 10. A diferença entre o 8 do Jordy e o 10 de Italo ou entre o 8.93 do Jordy e o 10 do Italo não foi de meros dois pontos, ali havia um oceano de diferença. Discrepâncias de um julgamento míope?




FINAL

Italo Ferreira x Michel Bourez  Italo Ferreira saiu na frente empilhando notas acima dos 7 pontos. Michel Bourez começou mais tímido e escolhendo mal as ondas. Italo espancou tudo que veio pela frente como se estivesse surfando em casa. Surfou sorrindo. Michel Bourez, tão conectado com as ondas durante todo o evento, nada pode fazer. Em 7 ondas Italo fez 32 manobras, sendo que 3 delas surfando a última onda da bateria de base trocada e venceu o tahitiano por 18.87 a 9.83. Vitória do brasileiro, a segunda de 2018, a única nota 10 da competição e a liderança do circuito mundial. 




RANKING

Italo Ferreira é o líder do ranking com 24.995 pontos. Felipe Toledo é o vice-lider com 22.850 pontos. O australiano Julian Wilson é o 3º colocado, com 21.080 pontos. Gabriel Medina (5º) e Michael Rodrigues (10º) completam o time de brasileiros no Top 10.

Segue aqui o Ranking atualizado





Foto: WSL/Kelly Cestari

O julgamento também merece nota? Não foram poucas as baterias em que o nome dos juízes apareceu tanto quanto o nome dos surfistas. O julgamento já era o Calcanhar de Aquiles da ASP e continua sendo a maior fraqueza na WSL. Sem credibilidade o público mais engajado pula fora e o surf vira um novo Telecatch, como disse o Ivo Remuska, da Mesa Surfocrática.

18 de maio de 2018

FILIPE TOLEDO VENCE EM SAQUAREMA E ASSUME A VICE-LIDERANÇA DO RANKING


Por: Dadá Souza


Filipe Toledo foi o vencedor do Oi Rio Pro, a 4ª etapa do circuito mundial da WSL. Com nítida superioridade, Filipinho venceu Wade Carmichael na final por 17.10 a 8.00 e agora é o vice-líder do ranking.

Saquarema fez bonito na elite. As ondas foram boas e consistentes, o público foi quente e o campeonato rolou com poucas interrupções. 

Quando a máquina de ondas de Saquarema liga o surf é intenso e desafiador.  A praia de Itaúna proporcionou ótimas direitas quando o evento rolou na Barrinha (que às vezes lembrou o Hawaii e às vezes lembrou Kirra) e ótimas esquerdas quando o evento rolou no Point de Itaúna. Ondas fortes, tubulares, desafiadoras, com boa formação, tudo bem pertinho da praia. A melhor etapa do ano? Com certeza. 

Comparações com a piscina do Kelly ou com o Postinho é pura perda de tempo. Saquarema mostrou ao mundo seu potencial e mostrou para a WSL Itaúna é o palco ideal para essa etapa. 





Filipe Toledo fez um evento perfeito em Saquarema. Venceu todas as suas baterias, surfou sempre com performances de altíssimo nível, fez a única Nota 10 da competição e no último dia atropelou todo mundo que passou pela sua frente. Sua vitória foi indiscutível. A 2ª vitória dele no Brasil e a 6ª na elite mundial. Julian Wilson continua na liderança do ranking e está a apenas 1.034 pontos na frente de Filipe Toledo. Keremas vai pegar fogo!




QUARTAS DE FINAL


Heat 1 - Filipe Toledo (BRA) x Kolohe Andino (USA) – O primeiro confronto do dia começou com ótimas ondas e com o Filipe Toledo ditando o ritmo da competição. Em sua primeira onda Filipe entubou, manobrou forte e marcou 7.67, mais que a somatória de Kolohe até o momento. A backup do Filipe foi uma onda mais curta que rendeu 6.77. As ondas pararam e foi essa segunda onda que deu a vitória ao Filipe Toledo (13.84 a 11.93). Semifinal para o brasileiro, 5º lugar para Kolohe Andino.



Heat 2 - Julian Wilson (AUS) x Michael Rodrigues (BRA) – Encarar o líder do ranking (e queridinho-mor da WSL) Julian Wilson nunca é uma tarefa fácil, especialmente em direitas tubulares. Michael Rodrigues abriu a bateria com ondas regulares (4.00 e 5.83) enquanto Julian começou errando tudo. Faltando 9 minutos para o término Julian entubou, finalizou com um aéreo e fez sua primeira nota na bateria (7.33). Com uma onda fraca (3.83) Julian passou na frente do brasileiro. Michel arriscou bastante nos aéreos, mas caiu demais. Julian venceu por 11.20 a 9.83 e o brasileiro se despediu do evento.



Heat 3 - Gabriel Medina (BRA) x Wade Carmichael (AUS) – Wade Carmichael parecia muito a vontade nas direitas da Barrinha. Estava bem calmo e bem sintonizado com os tubos. Medina passou a bateria apostando em aéreos que não saíram. Faltando 9 minutos para o término Wade Carmichael tinha duas notas na casa dos 5 pontos e Medina estava em combinação de ondas. Gabriel Medina, que insiste que não precisa de um técnico, foi eliminado do evento com a somatória de 3.63.




Heat 4 - Yago Dora (BRA) x Ezekiel Lau (HAW) – Uma bateria com poucas ondas boas e com quase todas as notas muito baixas. Zeke surfou melhor, colocou uma nota 6.83 e nos últimos segundos de bateria fez mais 6.03. Yago, o aniversariante do dia, acabou eliminado da competição somando 8.30.





SEMIFINAL



Heat 1 - Filipe Toledo (BRA) x Julian Wilson (AUS) – Uma bateria especialmente boa para os brasileiros. Primeiro porque Filipe Toledo vem surfando muitíssimo mais que o líder do ranking em 2018; e depois porque é muito legal quando o talento se sobressai a preferência dos juízes e vence de maneira incontestável. Filipe fez sua primeira nota com uma onda forte (6.67). Logo em sequida ampliou a diferença com uma ótima onda que começou com um tubo e finalizou com um aéreo rodando (8.67). Na metade do confronto Julian já estava precisando de uma combinação de ondas e assim foi até o final. Nos instantes finais da bateria Filipe ainda pegou um ótimo tubo, marcou 7.70 e aumentou o tamanho da Kombi de Julian.



Heat 2 - Wade Carmichael (AUS) x Ezekiel Lau (HAW) – Bateria com dois surfistas fortes, pesados e com ótimo faro para os tubos. Wade Carmichael saiu na frente com duas ondas regulares (7.17 e 6.00). Zeke começou com duas notas mais baixas (5.10 e 4.17). Wade, sem técnico, sem muita estrutura e com poucas pranchas no Brasil venceu o havaiano e foi para sua primeira final na elite mundial.



FINAL



Filipe Toledo (BRA) x Wade Carmichael (AUS) – Brasil x Australia. Surf progressivo x Surf de borda. Acima de tudo, um duelo de surfistas que não pareceram sentir qualquer pressão durante esse campeonato. Filipe Toledo saiu na frente com um tubão. Marcou 9.93 e levantou a galera na praia. Faltando 10 minutos para o termino da final Wade Carmichael precisava de uma combinação de ondas. A situação do australiano piorou quando Filipinho pegou um tubo longo em uma onda não muito grande e marcou mais 7.70. Foi a tampa no caixão do australiano. Filipe Toledo campeão indiscutível em Saquarema. 



RANKING ATUALIZADO 

(Ainda falta finalizar a 3ª etapa, cancelada por causa dos ataques de tubarão.)

1 Julian Wilson (AUS) 19.415
2 Filipe Toledo (BRA) 18.075
3 Italo Ferreira (BRA) 14.995
4 Gabriel Medina (BRA) 14.160
5 Wade Carmichael (AUS) 13.585
6 Ezekiel Lau (HAV) 11.670
7 Owen Wright (AUS) 11.575
7 Michel Bourez (PLF) 11.575
7 Michael Rodrigues (BRA) 11.575
10 Adrian Buchan (AUS) 11.550
11 Mick Fanning (AUS) 11.500
12 Griffin Colapinto (EUA) 9.835
13 Kolohe Andino (EUA) 9.740
14 Tomas Hermes (BRA) 8.590
15 Frederico Morais (POR) 8.495
16 Kanoa Igarashi (EUA) 8.240
17 Adriano de Souza (BRA) 7.450
17 Conner Coffin (EUA) 7.450
17 John John Florence (HAV) 7.450
17 Sebastian Zietz (HAV) 7.450
17 Jeremy Flores (FRA) 7.450
22 Patrick Gudauskas (EUA) 7.345
23 Yago Dora (BRA) 7.250
25 Willian Cardoso (BRA) 6.660
28 Ian Gouveia (BRA) 4.960
30 Jessé Mendes (BRA) 4.170
P.S. - O Maraca, de algum lugar, observava tudo com orgulho e com aquele sorriso largo.

7 de maio de 2018

WORLD TEAM VENCE O FOUNDERS´S CUP. BRASIL FICA EM 2º.





This train it is bound to glory
This train it don't carry no unholy
(Bob Marley)


Por: Jairo Dadá Souza


Nesse final de semana, 5 e 6 de maio de 2018, o mundo enfim pode assistir ao vivo a elite mundial competindo na famosa e ainda pouco conhecida piscina de ondas do Kelly Slater, que fica em Lemoore, Califórnia. Um campeonato de surf inédito, cheio de novidades, com novo formato e totalmente adaptado à televisão e aos jogos olímpicos em uma espécie de estadio de surf com uma onda que as vezes lembra Trestles e as vezes lembra Snapper. Nada mal para uma piscina com ondas artificiais.

Mesmo a milhares de quilometros de distancia a onda do Surf Ranch parece ser realmente incrível de se surfar. Tanto a esquerda quanto a direita têm personalidades bemdiferentes, ambas tem sessões de manobra e de tubo e, literalmente, não tem um pingo d ´água fora do lugar. Ondas rápidas, perfeitas, sempre pra frente e que testaram a sério as habilidades e o preparo físico dos melhores surfistas do mundo. 

O evento foi bom para os surfistas, bom para o público, bom para a mídia e especialmente bom para os negócios. Os figurões todos sorrindo, o surf sendo levado a um outro patamar, capitalistamente falando, e o nosso esporte dando um grande passo em direção ao futuro estando a quase 200 km do mar. Pura ironia. O potencial econômico desse projeto, o possível futuro olímpico, as oportunidades comerciais, a transformação de surfistas em ídolos mundiais do mainstream. Há tantos fogos de artifício sobre a piscina do Kelly que quase nos ofusca a vista. 


FOUNDERS

O Founders´Cup é um evento em homenagem aos fundadores do surf profissional: Wayne Rabbit Bartholomew, Ian Cairns, Fred Hemmings, Randy Rarick, Mark Richards, Shaun Tomson e Peter Townend. Grandes nomes do nosso esporte e pessoas que plantaram as boas sementes do surf profissional Leia mais sobre eles aqui.



NOVIDADES

O Founders´ Cup trouxe muitas novidades ao surf competitivo. Pela primeira vez na história ninguém teve que se preocupar com as ondas, com swell, nem com disputa de onda, nem com interferências, ou com tubarões, , nem com a correnteza, nem com day off, muito menos com o Kieren Perrow. Estava tudo cirurgicamente limpo, planejado e organizado e pudemos enxergar, nitidamente e na prática, o que uma Olimpiada é capaz de fazer com um esporte.

A maior novidade desse evento foi o Formato. 


Uma competição entre times, cada time representando um país ou uma região do planeta e composto por 5 surfistas: Três homens e Duas mulheres. 


Na primeira fase da competição acontecem 3 rodadas onde os times surfam juntos e ninguém surfa contra ninguém. Cada membro do grupo pega duas ondas, uma esquerda e uma direita, com pontuação até 10 pontos. 

No  final das 3 rodadas cada surfista soma sua melhor nota na esquerda e sua melhor nota na direita e os pontos contribuem para o total da equipe. 

Os 3 melhores times vão para a final, os dois piores acabam sendo eliminados. 

Na Final os três times entram na água e cada membro surfa duas ondas, uma esquerda e uma direita, mas conta somente a melhor nota entre as duas ondas (independente do lado que foi surfada). São 5 rodadas de qualificação. As baterias 1, 2 e 3 dão 2 pontos para o 1º lugar, 1 ponto para o 2º lugar e 0 pontos para o 3º lugar. As baterias 4 (só para mulheres) e 5 (só para homens) dão 4 pontos para o 1º lugar, 1 ponto para o 2 lugar e 0 pontos para o 3º lugar. A equipe com maior número de pontos vence. 

Uma das poucas coisas legais desse evento foi que o formato se aproximou mais das competições de skate. Cada surfista tinha direito a três “voltas”, surfando uma esquerda e surfando a direita na volta e já saia da água direto para a entrevista. Um evento totalmente adaptado para a televisão e já voltado para o formato olímpico. 

Apesar de serem minoria no time, as meninas fizeram toda a diferença nos times e no evento. Se alguém ainda tinha dúvidas de que as meninas poderiam competir e vencer os meninos em condições de igualdade, essa dúvida caiu por terra. Ou por piscina. As meninas simplesmente detonaram com um surfe de altíssima qualidade.


A ONDA

A onda é incrivelmente longa, parece bem forte e é absurdamente perfeita para uma piscina. A esquerda e a direita tem personalidade bem diferentes. Enquanto a esquerda lembra um pouco Trestles, a direita lembra um pouco Snapper Rocks. E ambas exigiram muita técnica e muito preparo físico dos surfistas. Ondas sempre rápidas, sempre pra frente. Vacilou caiu. Não se pode colocar a culpa nas ondas. Definitivamente não. No primeiro round elas estavam rápidas demais, mas depois de corrigido o nivel de surf cresceu muito. 


OS TIMES

O BRAZIL TEAM foi com Adriano de Souza, Filipe Toledo, Gabriel Medina, Silvana Lima e Tainá Hinckel. Um time com quatro grandes competidores e uma jovem promessa. Um time jovem, talentoso, agressivo e com dois campeões mundiais.

O WORLD TEAM foi com Bianca Buitendag (ZAF), Jordy Smith (ZAF), Kanoa Igarashi (JAP), Michel Bourez (PYF) e Paige Hareb (NZL). Um time forte, muito competitivo, bastante consistente e com potencial para surpreender.

O AUSTRALIA TEAM foi com uma verdadeira seleção australiana. Joel Parkinson, Matt Wilkinson, Mick Fanning, Stephanie Gilmore e Tyler Wright. Quatro campeões mundiais (e 12 títulos mundiais no curriculum). Um time muito forte e muito experiente.

O EUROPE TEAM foi com Frankie Harrer (GER), Frederico Morais (POR), Jeremy Flores (FRA), Johanne Defay (FRA) e Leonardo Fioravanti (ITA). Um time jovem e cheio de vontade.

O USA TEAM foi com Carissa Moore, John John Florence, Kolohe Andino,  Lakey Peterson e o dono da piscina, capitão do time, astro do show e criador da onda Kelly Slater. Um time muito forte, com três campeões mundiais, com 16 títulos mundiais no curriculum e com o dono dos segredos da onda como capitão do time. 


Foto: WSL / Cestari


O EVENTO


DIA 1

O Round 1 do evento foi chato, monótono e tedioso. Uma onda perfeita demais e rápida demais fez com que pouca gente conseguisse mostrar um surf de qualidade. Muita gente reclamou na internet e com razão. Esse campeonato começou tedioso e sem grandes emoções. O time americano surfou melhor nessa primeira rodada, o World Team ficou em 2º, a Australia ficou em 3º,  Brasil ficou 4º lugar e a Europa em 5º.



No Round 2 a onda foi nitidamente ajustada e ficou bem melhor tanto para quem surfou como para quem assistiu. Filipe Toledo e Gabriel Medina simplesmente destruíram a onda com performances de cair o queixo. Filipinho fez o primeiro 10 da competição. E se valeu 10 na piscina Medina também deveria ter feito o seu. Medina entubou muito fundo, por muito tempo e finalizou sua onda com um rodeo clown. John John também mereceu destaque (mas não uma nota 9.8). 

O primeiro dia foi finalizado com o time norte-americano liderando com 5 pontos de vantagem sobre a equipe australiana e com o Brasil na 4ª colocação. 


DIA 2

No Round 3 os surfistas já estavam bem mais entrosados com a onda. Principalmente o time brasileiro. Filipe Toledo fez um 9.40 na esquerda, Mineiro fez um 8,67 também na esquerda e Medina um 9.07 na direita. A Tainá surfou com mais segurança e a Silvana Lima se adaptou bem as ondas do Surf Ranch. 

Os times dos Estados Unidos e do Brasil finalizaram essa primeira fase em 1º e 2º respectivamente.

Os times World e Australia empataram na terceira colocação e foram para o desempate. O time Mundo escolheu Page Hareb e Jordy Smith e ambos surfaram muito bem. O time Australia escolheu Matt Wilkinson e Tyler Wright, mas Wilko caiu logo no começo da onda, marcou pouco mai de 4 pontos e ferrou com o sonho australiano. Tyler surfou muito bem mas nem um 10 a salvaria e a Australia acabou eliminada da competição junto com o time europeu.

USA TEAM, BRAZIL TEAM e WORLD TEAM foram para as finais do evento.


FINAL

Michel Bourez abriu a primeira bateria das finais surfando muito forte na esquerda, mas caiu no meio da onda e marcou 5.17. Na direita Michel surfou mal, fez duas manobras e caiu logo no inicio do peimeiro tubo e marcou 3.33.

Medina veio logo em seguida e fez literalmente uma volta olímpica. Destruiu a esquerda e fez 9.07 e depois destruiu a direita e fez mais 9,67. Uma onda muito muito muito forte e uma apresentação avassaladora. 

John John fez a terceira apresentação da final, caiu de cara na esquerda e fez 1.60. Na direita JJ começou bem mas caiu novamente no tubo e marcou 3,90. Mais um péssimo campeonato para o campeão mundial em 2018.

Bianca Buitandag surfou um pouco lenta mas surfou bem na esquerda e marcou 6.07. Na direita acabou errando e caiu no tubo. Uma apresentação bem fraca da sul-africana. 

Tainá Hinckel surfou com mais confiança hoje, fez a onda toda como se estivesse surfando em casa, na Guarda do Embaú, e marcou 5.27. Na direita Tainá manobrou bem forte, entubou duas vezes, manobrou e tentou entubar pela terceira vez, dessa vez bem na portinha e marcou só 5.67

Lakey Peterson surfou uma ótima esquerda, surfou com estilo e com agressividade, fez um tubo muito curtinho e marcou 8.00. Na direita Lakey mais uma vez surfou com excelência e fez 7.27.

Kanoa Igarashi caiu logo no início da esquerda e fez 2.00. Depois ele disse que foi para economizar as pernas para a direita. Na direita Kanoa surfou bem, entubou fundo, fez algumas manobras e finalizou muito bem sua onda. Marcou 8,93.

Adriano de Souza forçou bem suas manobras na esquerda, surfou sempre forte, mas burocrático, entubou fundo na esquerdinha e marcou 8.57. Definitivamente a melhor esquerda da final até então. Na direita Mineiro surfou muito forte. Entubou fundo, mas acabou caindo e só marcou 7.17.

Kolohe Andino fez tudo certinho na esquerda mas surfou com muito menos pressão que os outros surfistas e marcou 7.77. Na direita Kolohe arriscou um grande aéreo no meio da onda, caiu e marcou só 4.83.

Paige Hareb surfou meio burocrática na esquerda, caiu no tubo e fez 6.07. Na direita surfou um pouco pior e marcou 3.23.

Silvana Lima surfou bem na esquerda, fez uma linha bem agressiva mas não saiu do tubo no finalzinho da onda e marcou 6.13. Na direita Silvana Lima surfou muito forte, entubou fundo, manobrou bem e finalizou com um tubão. Uma onda espetacular da brasileira que marcou 9.17 (merecia mais).

Carissa Moore caiu na água logo na sequencia e surfou a esquerda com excelência. Marcou 8.73. Na direita Carissa entubou raso em todas as vezes, não manobrou tão forte, fez mais um tubo no final da onda, errou o aéreo de finalização e marcou 8.77.

Jordy Smith fez uma esquerda burocrática, arriscou um rodeo clown no final da onda e caiu e ganhou 7.50. Na direita Jordy desperdiçou sessão, não entubou tão fundo, e deu um alley oop no final da onda que não foi tão limpo e marcou um inacreditável 9.27.

Filipe não surfou muito bem na esquerda, que era o seu real objetivo e marcou 7.33. Na direita Filipe caiu logo no inicio da onda, marcou só 4.93 e definitivamente acabou com as chances do Brasil de vencer essa etapa. 

Kelly fechou a final quase que com chave-de-ouro. Surfou muito bem na esquerda e fez um 8 pontos e destruiu a direita com a perfeição que só o criador da onda poderia fazer e ganhou 9 pontos, uma nota um pouco baixa para a performance do norte-americano que precisava de pelo menos meio ponto a mais. 

Com o 9 do Kelly o time mundo, formado por Bianca Buitendag (ZAF), Jordy Smith (ZAF), Kanoa Igarashi (JAP), Michel Bourez (PYF), Paige Hareb (NZL) venceu a competição graças aos pontos de Jordy Smith. O WORLD TEAM, que em momento nenhum encantou, venceu a competição.  

O time brasileiro ficou com a 2ª colocação mas fez as duas maiores notas individuais da competição. Com a Nota 10 do evento, Filipe Toledo ficou com o prêmio Jeep Best Ride Award e leva pra casa um Jeep zerado e irado. 


Foto: WSL / Cestari


O Fopunders´Cup entregou o que cumpriu. Um evento organizado, com excelentes condições de surf, formatou o evento para a televisão e para as Olimpíadas e mostrou que o surf definitivamente pode ira para esse caminho no futuro e nas Olimpíadas. O campeonato rodou mais redondo do que muita etapa da WSL. Creio que o desafio agora é deixar o evento mais dinâmico e com mais emoção. Não foram poucas as pessoas que acharam esse evento chato. Encontrar esse equilibrio entre informação, emoção e a performance dos atletas ainda precisa ser encontrado.





O JULGAMENTO

Ondas rigorosamente iguais Pelo menos na teoria isso deixa o julgamento bem menos subjetivo, Estão todos surfando para os mesmos lados, em ondas com a mesma velocidade, com o mesmo tamanho e em plenas condições de igualdade. As ondas passar a ter peso nulo e a performance dos atletas fica mais nítida de ser julgada. 

Mas será que os juízes foram tão imparciais? Algumas notas surpreenderam, outras causaram desconfiança. O fato de não haver um "heat analyzer" nem videos disponiveis criou um clima não muito transparente, vamos dizer assim.

Claro que foi legal ver o Filipe Toledo ganhar uma Nota 10 surfando muito mais do que todo mundo. Mas dar um 10 logo no primeiro dia de uma onda artificial quando todos ainda tem muito o que evoluir nessas ondas teria sido uma boa decisão? O surf apresentado pelo brasileiro foi realmente fodástico, mas penso que não se pode dar uma nota 10 em uma piscina. Há muitos limites a serem ultrapassados ainda. Dar um 10 assim no primeiro dia da piscina me deixou na dúvida se é um cacoete ou se foi preguiça. 




KELLYLÂNDIA


O 11 vezes campeão mundial construiu um mega parque aquático, criou a melhor piscina de ondas do mundo, esculpiu uma esquerda e uma direita perfeitas (e ainda vai fazer mais duas piscinas ao lado dessa) em Lemoore e ainda pode fazer com que sua piscina vire Arena Olímpica e mude definitivamente a cara do nosso esporte. Nem o Walt Disney foi tão ambicioso. 




RESULTADOS




NOTAS

# O Kelly vem dizendo que não pode competir nos eventos da WSL por causa do pé quebrado, mas que vem surfando todo dia e acabou de mostrar que o problema está longe de ser o pé.

# Se o futuro do surf será nessas piscinas sugiro aos competidores aumentar o treino de pernas. Não faltou gente perdendo sessão ou aliviando nas manobras porque as pernas não respondiam mais.

# O Kelly treinou muito mais do que todo mundo, fez um evento na sua própria piscina, foi o capitão do time norte-americano, tocou com sua banda no intervalo e ainda quis que todos os surfistas surfassem com a sua prancha. Megalomania é pouco para o careca

#Faltou o Heat Analyzer, faltaram notas ao vivo, faltou informação no site, faltaram videos com as ondas inteiras a disposição. Nem sempre menos é mais Tio Kelly. Um evento muito rico foi pobre em informação.

# O site BeachGrit disse que esse evento matou os campeonatos em Beach Break. É exagerado, mas é essa a impressão. Com ondas perfeitas 24 horas a disposição só faz evento em onda ruim quem quer.