8 de julho de 2010

J-BAY 2010



Por Dadá Souza

Dia 15 de julho agora recomeça o ASP World Tour em Jeffrey's Bay, na África do Sul. O Circuito Mundial de Surf profissional estava parado desde a etapa brasileira, que aconteceu em abril na Praia da Vila, em Imbituba, Santa Catarina, brilhantemente vencida pelo potiguar Jadson André.

A etapa de Jeffrey's Bay é uma das mais esperadas do ano por apresentar ondas alucinantes, de tão pefeitas. Mas lá o bicho pega! Competir em J-BAY é muito difícil, a leitura da onda é diferente, a água é simplesmente congelante, a correnteza é muito forte, o posicionamento no pico exige demais dos surfistas e os tubarões brancos lá estão em casa. Quem não se adaptar rápido, vai perder a vez e voltar cedo pra casa. Não é a toa que os vencedores dessa etapa são poucos e sempre os mesmos. A experiência é fundamental para surfar bem essa onda. Parace fácil, mas é para poucos.

Os favoritos são os de sempre. O Kelly, pelos motivos que até dispensam o meu comentário. Basta dizer que muitos já chamam esse pico de Kelly's Bay tamanho o domínio do careca nessa onda. O Andy também é um monstro. Mas está passando por uma fase ruim e seu surf (ainda) está longe do nível Andy Irons que estávamos acostumados a assistir. Mas o havaiano marrento sempre pode surpreender.

Dois nomes vêm sendo bastante comentados e entram na disputa também como favoritos: Jordy Smith e Dane Reynolds. Ambos atletas jovens, muito talentosos e representantes do surf dito progressivo. E estão surfando MUITO! Jordy é sul-africano, surfa em casa e está fazendo o seu melhor ano no World Tour (atual número 2 do circuito). Dane é o novo queridinho da américa e vem fazendo atuações monstruosas, também em seu melhor ano do tour (atual top 6 do circuito).

No time de favoritos está, óbvio, o esquadrão de elite australiano: Mick Fanning, instigado como nunca, e a dupla (nunca campeã do mundo) Taj Burrow & Joel Parkinson. Só monstro! E todos sabem que vencer um desses caras é tarefa nada fácil

E, claro, teremos o pelotão brasileiro, sempre cheio de raça e emoção, formado pelo sensacional Adriano de Souza, pelo estreante revelação Jadson André, pelo guerreiro Neco Padaratz e pelo azarado Marco Polo, que até agora não passou nenhuma bateria no World Tour. Só pegou pedra grande no caminho e segue sem apresentar o seu surf.

Se tivesse que apostar, colocaria todas as minhas fichas no Mineirinho, que tem o equilíbrio perfeito entre experiência no pico e abordagem crítica nas ondas. Jadson e Marco Polo ainda não mostraram o que sabem nas direitas de J-BAY, por isso não sei exatamente o que esperar deles. Neco conhece. Mas precisa urgentemente repensar o seu repertório de manobras. Surf não lhe falta.

A torcida pelo time brazuca é grande e espero sinceramente que nossos brasileiros façam a mala dos gringos e conquistem valiosos pontos nessa que é a quarta etapa do circuito mundial (do total de 10).

Nossos quatro atletas são excelentes surfistas e ótimas pessoas. E ver um dos nossos levantando o caneco em J'BAY seria lindo demais. Eles merecem, e muito. Mas como eu disse antes, sem muitas horas de vôo nessas direitas fica difícil até de sonhar com uma vitória. Sem experiência, sem treino e sem uma sólida auto-confiança, fica muito mais complicado.

E um fato que me chamou a atenção aqui. Depois de tanto tempo com o circuito mundial parado, tempo de treino sobrando e com Copa do Mundo rolando na África, o que não faltou foi incentivo para ir a Jeffrey’s Bay, que estava totalmente disponível para quem quisesse se preparar e treinar muito no local da competição. E vocês sabem a quantos dias nossas estrelas estão lá, treinando em J-BAY?? Nenhum. Vários gringos e vários brasileiros já estão lá, surfando e treinando. Nossa dupla de estrelas, Adriano e Jadson, estão indo pra lá ag faltandora, faltando menos de uma semana para começar o evento. O Mineiro até não me preocupa, pois é um competidor experiente em J-BAY e já fez baterias históricas lá. O Jadson é que não é. Pelo contrário, o seu ataque de backside ainda é, assumidamente, um ponto fraco.

Mas enfim, como torcedor, é como eu vejo a coisa. Quero ver nossos atletas surfando melhor do que os gringos e ganhando título. Por sinal, impossível não ser torcedor na África do Sul com todo esse clima de Copa do Mundo. Mas independente da camisa e da seleção, eu quero ver o bom surf. O espetáculo. E Jeffrey's Bay é uma etapa com todos os ingredientes de um grande campeonato de surf. Sem Jabulani, sem Galvão Bueno e sem juiz burro ou ladrão.

Que venha J-BAY!!




A relação de baterias do Round 1 do BILLABONG PRO J-BAY 2010:


1. Jadson André (BRA), Andy Irons (HAW) e Neco Padaratz (BRA)2. Bede Durbidge (AUS), Luke Stedman (AUS) e Adam Melling (AUS)
3. Dane Reynolds (EUA), Daniel Ross (Aus) e Jay Thompson (AUS)
4. Bobby Martinez (EUA), Jeremy Flores (FRA) e Nate Yeomans (EUA)
5. Adriano de Souza (BRA), Tiago Pires (POR) e Marco Polo (BRA)6. Joel Parkinson (AUS), Tom Whitaker (AUS) e Blake Thornton (AUS)
7. Jordy Smith (ZAF), Roy Powers (HAW) e Joan Duru (FRA)
8. Kelly Slater (EUA), Owen Wright (AUS) e convidado
9. Taj Burrow (AUS), Damien Hobgood (EUA) e convidado
10. Mick Fanning (AUS), Kieren Perrow (AUS) e convidado
11. Taylor Knox (EUA), Luke Munro (AUS) e Tanner Gudauskas (EUA)
12. C.J. Hobgood (EUA), Kekoa Bacalso (HAW) e Matt Wilkinson (AUS)
13. Fred Patacchia (HAW), Patrick Gudauskas (EUA) e Brett Simpson (EUA)
14. Michel Bourez (TAH), Dean Morrison (AUS) e Dusty Payne (HAW)
15. Chris Davidson (AUS), Michael Campbell (AUS) e Drew Courtney (AUS)
16. Adrian Buchan (AUS), Ben Dunn (AUS) e Travis Logie (ZAF)

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