Nesse dia 1º de março começa na Austrália o WCT 2014. Depois
de um ano de inércia em 2013, onde nem a antiga gestão saiu da entidade e nem a
nova gestão (ZoSea) assumiu seriamente as rédeas do tour, 2014 começou com
várias mudanças. Nem todas boas.
A primeira mudança significativa foi o anuncio da Samsung
como patrocinadora do circuito mundial, que agora se chama "Samsung Galaxy ASP World Championship Tour".
Depois vieram as notícias de que Jeffrey´s Bay
retorna ao circuito, no lugar da etapa de Bali. E ontem o anuncio de que a
GoPro seria outra nova patrocinadora do WCT. A ZoSea havia prometido mudanças
na captação recursos e novos patrocínios, e essas mudanças vieram. Enfim as grandes marcas começam a
chegar ao circuito, antes bancado (e absolutamente fechado) pelas marcas que todos conhecem (Billa, Quik e
Rip).
Pois bem, mais dinheiro no
tour e novos patrocínios aparentemente são coisas muito boas para o esporte. Mas será que
todas as notícias são boas? Não é o que parece.
O circuito mundial hoje,
para quem não sabe, (e grosseiramente falando) é da Quiksilver e do Kelly
Slater. A tal “Associação” dos surfistas profissionais, que na verdade sempre
foi uma empresa privada, foi comprada e hoje é administrada pela ZoSea, empresa
comandada por ex(?)-membros da Quiksilver.
A primeira notícia que chamou a atenção pela arbitrariedade, foi a escolha de Owen Wright para levar a
vaga de wildcard, que aparentemente seria mais justa para o Glenn Hall, que
surfou mais eventos que Owen em 2013, ficou na sua frente no ranking e que se
machucou durante um evento da ASP, enquanto Owen se machucou em uma sessão de
freesurf e só surfou e eventos em 2013. Kelly Slater foi para a mídia, defendeu que a vaga deveria ser de
Owen, que este já havia disputado o título mundial e que merecia a
vaga. A maioria concordou com o Kelly e o Owen subiu para o tour em 2014.
Só que
sabe-se lá como, o aussie foi colocado como seed#14, enquanto Tiago Pires, o outro wild
card, foi colocado como seed#34. Ou seja, Owen Wright já começa o ano como Seed#13, uma
posição parecida com a sua colocação em 2012. O australiano, que quase não
surfou no circuito em 2013, já começa o
ano sendo privilegiado e melhor colocado do que a grande maioria dos surfistas
que disputaram o circuito o ano inteiro. Não sei como a ASP explica isso, mas decididamente isso não parece justo. O que será
que pensam os outros surfistas a respeito disso? Estão todos participando das
decisões como “sócios” da entidade?
A segunda notícia que causou
inquietação foi que as mudanças mais esperadas pelo público, não vão mesmo rolar. Depois
de um longo período de julgamentos tendenciosos e imprecisos, com claro
favorecimento em diversas baterias, a grande maioria dos fãs do WCT esperavam mudanças nessa área.
E elas não vieram. Aparentemente o Head Judge Richie Porta continua no cargo (mesmo depois de ser o maior responsável por julgamentos pra lá de polêmicos).
Como disse o blog RealSurfing: “Great, great news for guys like Joel Parko and Julian Wilson: improved
scores on the way, boys!!!”
Também pegou mal o caso de
Lewis Samuels. O jornalista, tão respeitado pelo público, mal estreou na ASP e
já puxaram seu tapete. Tanto seu Power Ranking quando sua participação foram
deletadas da entidade. Lewis foi censurado! Falava verdades demais.
Ninguém falou sobre isso,
e essa também vimos pelo Realsurfing. Ao que parece, os atos de violência continuam a ser
de certa forma incentivados pela ASP, que continua passando a mão na cabeça dos
agressores. Em 2014, durante a etapa do WQS da Australia, o australiano Stuart
Kennedy agarrou o pescoço do havaiano Kainoa Igarashi em plena bateria. Os
comentaristas, que são mais cargos de confiança da entidade do que
comentaristas de verdade, nada falaram. Ah, esqueci: eles não podem falar
coisas negativas durante as transmissões. Por outro lado eles podem falar sem parar que os
brasileiros são agressivos e que fazem muitos claims.
A última bomba da ASP veio
hoje, via SwellNet, que divulgou o e-mail que a ASP enviou para a mídia durante o credenciamento para
o Quiksilver Pro, o 1º evento oficialmente executado pela ZoSea. Nas entrelinhas,
quase escondido, o seguinte ponto:
“I hereby assign in full the rights to all audio, visual, still image
or moving content I generate at the Event to ASP.” Ou seja, ao selecionar “eu concordo”, você estará tendo a honra de
atribuir a totalidade dos direitos dos conteúdos de aúdio, vídeo ou foto para a
ASP. Suas fotos, vídeos ou entrevistas não serão mais suas, serão da ASP. E sem
nenhuma compensação monetária.
Ao que parece, a ASP não
vai mais permitir que empresas ou pessoas possam ganhar dinheiro com a marca
ASP. Ou seja, se a Red Bull ou a Ford, ou qualquer outra marca que patrocine os
atletas do tour, quiserem usar as imagens de seus atletas nos eventos do
circuito mundial, não podem mais. E aqui fica uma dúvida intrigante: nesse caso os surfistas agora podem passar a
valer menos para as marcas? Ou não?
Quem estava esperando um
circuito mundial melhor, com ondas novas, com eventos mais dinâmicos ou com formatos diferenciados, e principalmente com julgamentos mais precisos, parece que vai ter de continuar esperando.
E só para acrescentar,
quando o Kelly Slater e Terry Hardy (empresário de Slater e hoje um dos sócios da ZoSea) tentaram
implementar em 2010 o Rebel Tour, o havaiano Andy Irons e o australiano Taj Burrow
encabeçaram uma “rebelião contra o Rebel Tour”. Nem o Andy, nem a maioria dos
outros competidores, queria um circuito comandado (direta ou indiretamente) por Slater. Muito menos
enquanto ele fosse competidor. Mas sem um sujeito com a atitude e o carisma de Andy
Irons, o Rebel Tour finalmente triunfou e os americanos agora estão no comandando do
surf mundial. Se vai ser bom ou não para o esporte, só o futuro dirá. Mas essas primeiras impressões não parecem muito boas.
Esse lance do Owen retornar ao tour com seed alta é uma nova regra. Nick Carrol comentou a respeito no Surfline.
ResponderExcluirOwen quando se machucou tinha um seed alto pois estava bem ranqueado no tour, entao retorna com seed alto. Ja o Saca estava por baixo, entao retorna por baixo.
Putz, e que baixaria essa desse marrento do Stuart Kenedy heim! Agora queimou o filme geral.
Foto é do fotógrafo. Pura bobagem da ASP isso
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