25 de maio de 2018

18 de maio de 2018

FILIPE TOLEDO VENCE EM SAQUAREMA E ASSUME A VICE-LIDERANÇA DO RANKING


Por: Dadá Souza


Filipe Toledo foi o vencedor do Oi Rio Pro, a 4ª etapa do circuito mundial da WSL. Com nítida superioridade, Filipinho venceu Wade Carmichael na final por 17.10 a 8.00 e agora é o vice-líder do ranking.

Saquarema fez bonito na elite. As ondas foram boas e consistentes, o público foi quente e o campeonato rolou com poucas interrupções. 

Quando a máquina de ondas de Saquarema liga o surf é intenso e desafiador.  A praia de Itaúna proporcionou ótimas direitas quando o evento rolou na Barrinha (que às vezes lembrou o Hawaii e às vezes lembrou Kirra) e ótimas esquerdas quando o evento rolou no Point de Itaúna. Ondas fortes, tubulares, desafiadoras, com boa formação, tudo bem pertinho da praia. A melhor etapa do ano? Com certeza. 

Comparações com a piscina do Kelly ou com o Postinho é pura perda de tempo. Saquarema mostrou ao mundo seu potencial e mostrou para a WSL Itaúna é o palco ideal para essa etapa. 





Filipe Toledo fez um evento perfeito em Saquarema. Venceu todas as suas baterias, surfou sempre com performances de altíssimo nível, fez a única Nota 10 da competição e no último dia atropelou todo mundo que passou pela sua frente. Sua vitória foi indiscutível. A 2ª vitória dele no Brasil e a 6ª na elite mundial. Julian Wilson continua na liderança do ranking e está a apenas 1.034 pontos na frente de Filipe Toledo. Keremas vai pegar fogo!




QUARTAS DE FINAL


Heat 1 - Filipe Toledo (BRA) x Kolohe Andino (USA) – O primeiro confronto do dia começou com ótimas ondas e com o Filipe Toledo ditando o ritmo da competição. Em sua primeira onda Filipe entubou, manobrou forte e marcou 7.67, mais que a somatória de Kolohe até o momento. A backup do Filipe foi uma onda mais curta que rendeu 6.77. As ondas pararam e foi essa segunda onda que deu a vitória ao Filipe Toledo (13.84 a 11.93). Semifinal para o brasileiro, 5º lugar para Kolohe Andino.



Heat 2 - Julian Wilson (AUS) x Michael Rodrigues (BRA) – Encarar o líder do ranking (e queridinho-mor da WSL) Julian Wilson nunca é uma tarefa fácil, especialmente em direitas tubulares. Michael Rodrigues abriu a bateria com ondas regulares (4.00 e 5.83) enquanto Julian começou errando tudo. Faltando 9 minutos para o término Julian entubou, finalizou com um aéreo e fez sua primeira nota na bateria (7.33). Com uma onda fraca (3.83) Julian passou na frente do brasileiro. Michel arriscou bastante nos aéreos, mas caiu demais. Julian venceu por 11.20 a 9.83 e o brasileiro se despediu do evento.



Heat 3 - Gabriel Medina (BRA) x Wade Carmichael (AUS) – Wade Carmichael parecia muito a vontade nas direitas da Barrinha. Estava bem calmo e bem sintonizado com os tubos. Medina passou a bateria apostando em aéreos que não saíram. Faltando 9 minutos para o término Wade Carmichael tinha duas notas na casa dos 5 pontos e Medina estava em combinação de ondas. Gabriel Medina, que insiste que não precisa de um técnico, foi eliminado do evento com a somatória de 3.63.




Heat 4 - Yago Dora (BRA) x Ezekiel Lau (HAW) – Uma bateria com poucas ondas boas e com quase todas as notas muito baixas. Zeke surfou melhor, colocou uma nota 6.83 e nos últimos segundos de bateria fez mais 6.03. Yago, o aniversariante do dia, acabou eliminado da competição somando 8.30.





SEMIFINAL



Heat 1 - Filipe Toledo (BRA) x Julian Wilson (AUS) – Uma bateria especialmente boa para os brasileiros. Primeiro porque Filipe Toledo vem surfando muitíssimo mais que o líder do ranking em 2018; e depois porque é muito legal quando o talento se sobressai a preferência dos juízes e vence de maneira incontestável. Filipe fez sua primeira nota com uma onda forte (6.67). Logo em sequida ampliou a diferença com uma ótima onda que começou com um tubo e finalizou com um aéreo rodando (8.67). Na metade do confronto Julian já estava precisando de uma combinação de ondas e assim foi até o final. Nos instantes finais da bateria Filipe ainda pegou um ótimo tubo, marcou 7.70 e aumentou o tamanho da Kombi de Julian.



Heat 2 - Wade Carmichael (AUS) x Ezekiel Lau (HAW) – Bateria com dois surfistas fortes, pesados e com ótimo faro para os tubos. Wade Carmichael saiu na frente com duas ondas regulares (7.17 e 6.00). Zeke começou com duas notas mais baixas (5.10 e 4.17). Wade, sem técnico, sem muita estrutura e com poucas pranchas no Brasil venceu o havaiano e foi para sua primeira final na elite mundial.



FINAL



Filipe Toledo (BRA) x Wade Carmichael (AUS) – Brasil x Australia. Surf progressivo x Surf de borda. Acima de tudo, um duelo de surfistas que não pareceram sentir qualquer pressão durante esse campeonato. Filipe Toledo saiu na frente com um tubão. Marcou 9.93 e levantou a galera na praia. Faltando 10 minutos para o termino da final Wade Carmichael precisava de uma combinação de ondas. A situação do australiano piorou quando Filipinho pegou um tubo longo em uma onda não muito grande e marcou mais 7.70. Foi a tampa no caixão do australiano. Filipe Toledo campeão indiscutível em Saquarema. 



RANKING ATUALIZADO 

(Ainda falta finalizar a 3ª etapa, cancelada por causa dos ataques de tubarão.)

1 Julian Wilson (AUS) 19.415
2 Filipe Toledo (BRA) 18.075
3 Italo Ferreira (BRA) 14.995
4 Gabriel Medina (BRA) 14.160
5 Wade Carmichael (AUS) 13.585
6 Ezekiel Lau (HAV) 11.670
7 Owen Wright (AUS) 11.575
7 Michel Bourez (PLF) 11.575
7 Michael Rodrigues (BRA) 11.575
10 Adrian Buchan (AUS) 11.550
11 Mick Fanning (AUS) 11.500
12 Griffin Colapinto (EUA) 9.835
13 Kolohe Andino (EUA) 9.740
14 Tomas Hermes (BRA) 8.590
15 Frederico Morais (POR) 8.495
16 Kanoa Igarashi (EUA) 8.240
17 Adriano de Souza (BRA) 7.450
17 Conner Coffin (EUA) 7.450
17 John John Florence (HAV) 7.450
17 Sebastian Zietz (HAV) 7.450
17 Jeremy Flores (FRA) 7.450
22 Patrick Gudauskas (EUA) 7.345
23 Yago Dora (BRA) 7.250
25 Willian Cardoso (BRA) 6.660
28 Ian Gouveia (BRA) 4.960
30 Jessé Mendes (BRA) 4.170
P.S. - O Maraca, de algum lugar, observava tudo com orgulho e com aquele sorriso largo.

7 de maio de 2018

WORLD TEAM VENCE O FOUNDERS´S CUP. BRASIL FICA EM 2º.





This train it is bound to glory
This train it don't carry no unholy
(Bob Marley)


Por: Jairo Dadá Souza


Nesse final de semana, 5 e 6 de maio de 2018, o mundo enfim pode assistir ao vivo a elite mundial competindo na famosa e ainda pouco conhecida piscina de ondas do Kelly Slater, que fica em Lemoore, Califórnia. Um campeonato de surf inédito, cheio de novidades, com novo formato e totalmente adaptado à televisão e aos jogos olímpicos em uma espécie de estadio de surf com uma onda que as vezes lembra Trestles e as vezes lembra Snapper. Nada mal para uma piscina com ondas artificiais.

Mesmo a milhares de quilometros de distancia a onda do Surf Ranch parece ser realmente incrível de se surfar. Tanto a esquerda quanto a direita têm personalidades bemdiferentes, ambas tem sessões de manobra e de tubo e, literalmente, não tem um pingo d ´água fora do lugar. Ondas rápidas, perfeitas, sempre pra frente e que testaram a sério as habilidades e o preparo físico dos melhores surfistas do mundo. 

O evento foi bom para os surfistas, bom para o público, bom para a mídia e especialmente bom para os negócios. Os figurões todos sorrindo, o surf sendo levado a um outro patamar, capitalistamente falando, e o nosso esporte dando um grande passo em direção ao futuro estando a quase 200 km do mar. Pura ironia. O potencial econômico desse projeto, o possível futuro olímpico, as oportunidades comerciais, a transformação de surfistas em ídolos mundiais do mainstream. Há tantos fogos de artifício sobre a piscina do Kelly que quase nos ofusca a vista. 


FOUNDERS

O Founders´Cup é um evento em homenagem aos fundadores do surf profissional: Wayne Rabbit Bartholomew, Ian Cairns, Fred Hemmings, Randy Rarick, Mark Richards, Shaun Tomson e Peter Townend. Grandes nomes do nosso esporte e pessoas que plantaram as boas sementes do surf profissional Leia mais sobre eles aqui.



NOVIDADES

O Founders´ Cup trouxe muitas novidades ao surf competitivo. Pela primeira vez na história ninguém teve que se preocupar com as ondas, com swell, nem com disputa de onda, nem com interferências, ou com tubarões, , nem com a correnteza, nem com day off, muito menos com o Kieren Perrow. Estava tudo cirurgicamente limpo, planejado e organizado e pudemos enxergar, nitidamente e na prática, o que uma Olimpiada é capaz de fazer com um esporte.

A maior novidade desse evento foi o Formato. 


Uma competição entre times, cada time representando um país ou uma região do planeta e composto por 5 surfistas: Três homens e Duas mulheres. 


Na primeira fase da competição acontecem 3 rodadas onde os times surfam juntos e ninguém surfa contra ninguém. Cada membro do grupo pega duas ondas, uma esquerda e uma direita, com pontuação até 10 pontos. 

No  final das 3 rodadas cada surfista soma sua melhor nota na esquerda e sua melhor nota na direita e os pontos contribuem para o total da equipe. 

Os 3 melhores times vão para a final, os dois piores acabam sendo eliminados. 

Na Final os três times entram na água e cada membro surfa duas ondas, uma esquerda e uma direita, mas conta somente a melhor nota entre as duas ondas (independente do lado que foi surfada). São 5 rodadas de qualificação. As baterias 1, 2 e 3 dão 2 pontos para o 1º lugar, 1 ponto para o 2º lugar e 0 pontos para o 3º lugar. As baterias 4 (só para mulheres) e 5 (só para homens) dão 4 pontos para o 1º lugar, 1 ponto para o 2 lugar e 0 pontos para o 3º lugar. A equipe com maior número de pontos vence. 

Uma das poucas coisas legais desse evento foi que o formato se aproximou mais das competições de skate. Cada surfista tinha direito a três “voltas”, surfando uma esquerda e surfando a direita na volta e já saia da água direto para a entrevista. Um evento totalmente adaptado para a televisão e já voltado para o formato olímpico. 

Apesar de serem minoria no time, as meninas fizeram toda a diferença nos times e no evento. Se alguém ainda tinha dúvidas de que as meninas poderiam competir e vencer os meninos em condições de igualdade, essa dúvida caiu por terra. Ou por piscina. As meninas simplesmente detonaram com um surfe de altíssima qualidade.


A ONDA

A onda é incrivelmente longa, parece bem forte e é absurdamente perfeita para uma piscina. A esquerda e a direita tem personalidade bem diferentes. Enquanto a esquerda lembra um pouco Trestles, a direita lembra um pouco Snapper Rocks. E ambas exigiram muita técnica e muito preparo físico dos surfistas. Ondas sempre rápidas, sempre pra frente. Vacilou caiu. Não se pode colocar a culpa nas ondas. Definitivamente não. No primeiro round elas estavam rápidas demais, mas depois de corrigido o nivel de surf cresceu muito. 


OS TIMES

O BRAZIL TEAM foi com Adriano de Souza, Filipe Toledo, Gabriel Medina, Silvana Lima e Tainá Hinckel. Um time com quatro grandes competidores e uma jovem promessa. Um time jovem, talentoso, agressivo e com dois campeões mundiais.

O WORLD TEAM foi com Bianca Buitendag (ZAF), Jordy Smith (ZAF), Kanoa Igarashi (JAP), Michel Bourez (PYF) e Paige Hareb (NZL). Um time forte, muito competitivo, bastante consistente e com potencial para surpreender.

O AUSTRALIA TEAM foi com uma verdadeira seleção australiana. Joel Parkinson, Matt Wilkinson, Mick Fanning, Stephanie Gilmore e Tyler Wright. Quatro campeões mundiais (e 12 títulos mundiais no curriculum). Um time muito forte e muito experiente.

O EUROPE TEAM foi com Frankie Harrer (GER), Frederico Morais (POR), Jeremy Flores (FRA), Johanne Defay (FRA) e Leonardo Fioravanti (ITA). Um time jovem e cheio de vontade.

O USA TEAM foi com Carissa Moore, John John Florence, Kolohe Andino,  Lakey Peterson e o dono da piscina, capitão do time, astro do show e criador da onda Kelly Slater. Um time muito forte, com três campeões mundiais, com 16 títulos mundiais no curriculum e com o dono dos segredos da onda como capitão do time. 


Foto: WSL / Cestari


O EVENTO


DIA 1

O Round 1 do evento foi chato, monótono e tedioso. Uma onda perfeita demais e rápida demais fez com que pouca gente conseguisse mostrar um surf de qualidade. Muita gente reclamou na internet e com razão. Esse campeonato começou tedioso e sem grandes emoções. O time americano surfou melhor nessa primeira rodada, o World Team ficou em 2º, a Australia ficou em 3º,  Brasil ficou 4º lugar e a Europa em 5º.



No Round 2 a onda foi nitidamente ajustada e ficou bem melhor tanto para quem surfou como para quem assistiu. Filipe Toledo e Gabriel Medina simplesmente destruíram a onda com performances de cair o queixo. Filipinho fez o primeiro 10 da competição. E se valeu 10 na piscina Medina também deveria ter feito o seu. Medina entubou muito fundo, por muito tempo e finalizou sua onda com um rodeo clown. John John também mereceu destaque (mas não uma nota 9.8). 

O primeiro dia foi finalizado com o time norte-americano liderando com 5 pontos de vantagem sobre a equipe australiana e com o Brasil na 4ª colocação. 


DIA 2

No Round 3 os surfistas já estavam bem mais entrosados com a onda. Principalmente o time brasileiro. Filipe Toledo fez um 9.40 na esquerda, Mineiro fez um 8,67 também na esquerda e Medina um 9.07 na direita. A Tainá surfou com mais segurança e a Silvana Lima se adaptou bem as ondas do Surf Ranch. 

Os times dos Estados Unidos e do Brasil finalizaram essa primeira fase em 1º e 2º respectivamente.

Os times World e Australia empataram na terceira colocação e foram para o desempate. O time Mundo escolheu Page Hareb e Jordy Smith e ambos surfaram muito bem. O time Australia escolheu Matt Wilkinson e Tyler Wright, mas Wilko caiu logo no começo da onda, marcou pouco mai de 4 pontos e ferrou com o sonho australiano. Tyler surfou muito bem mas nem um 10 a salvaria e a Australia acabou eliminada da competição junto com o time europeu.

USA TEAM, BRAZIL TEAM e WORLD TEAM foram para as finais do evento.


FINAL

Michel Bourez abriu a primeira bateria das finais surfando muito forte na esquerda, mas caiu no meio da onda e marcou 5.17. Na direita Michel surfou mal, fez duas manobras e caiu logo no inicio do peimeiro tubo e marcou 3.33.

Medina veio logo em seguida e fez literalmente uma volta olímpica. Destruiu a esquerda e fez 9.07 e depois destruiu a direita e fez mais 9,67. Uma onda muito muito muito forte e uma apresentação avassaladora. 

John John fez a terceira apresentação da final, caiu de cara na esquerda e fez 1.60. Na direita JJ começou bem mas caiu novamente no tubo e marcou 3,90. Mais um péssimo campeonato para o campeão mundial em 2018.

Bianca Buitandag surfou um pouco lenta mas surfou bem na esquerda e marcou 6.07. Na direita acabou errando e caiu no tubo. Uma apresentação bem fraca da sul-africana. 

Tainá Hinckel surfou com mais confiança hoje, fez a onda toda como se estivesse surfando em casa, na Guarda do Embaú, e marcou 5.27. Na direita Tainá manobrou bem forte, entubou duas vezes, manobrou e tentou entubar pela terceira vez, dessa vez bem na portinha e marcou só 5.67

Lakey Peterson surfou uma ótima esquerda, surfou com estilo e com agressividade, fez um tubo muito curtinho e marcou 8.00. Na direita Lakey mais uma vez surfou com excelência e fez 7.27.

Kanoa Igarashi caiu logo no início da esquerda e fez 2.00. Depois ele disse que foi para economizar as pernas para a direita. Na direita Kanoa surfou bem, entubou fundo, fez algumas manobras e finalizou muito bem sua onda. Marcou 8,93.

Adriano de Souza forçou bem suas manobras na esquerda, surfou sempre forte, mas burocrático, entubou fundo na esquerdinha e marcou 8.57. Definitivamente a melhor esquerda da final até então. Na direita Mineiro surfou muito forte. Entubou fundo, mas acabou caindo e só marcou 7.17.

Kolohe Andino fez tudo certinho na esquerda mas surfou com muito menos pressão que os outros surfistas e marcou 7.77. Na direita Kolohe arriscou um grande aéreo no meio da onda, caiu e marcou só 4.83.

Paige Hareb surfou meio burocrática na esquerda, caiu no tubo e fez 6.07. Na direita surfou um pouco pior e marcou 3.23.

Silvana Lima surfou bem na esquerda, fez uma linha bem agressiva mas não saiu do tubo no finalzinho da onda e marcou 6.13. Na direita Silvana Lima surfou muito forte, entubou fundo, manobrou bem e finalizou com um tubão. Uma onda espetacular da brasileira que marcou 9.17 (merecia mais).

Carissa Moore caiu na água logo na sequencia e surfou a esquerda com excelência. Marcou 8.73. Na direita Carissa entubou raso em todas as vezes, não manobrou tão forte, fez mais um tubo no final da onda, errou o aéreo de finalização e marcou 8.77.

Jordy Smith fez uma esquerda burocrática, arriscou um rodeo clown no final da onda e caiu e ganhou 7.50. Na direita Jordy desperdiçou sessão, não entubou tão fundo, e deu um alley oop no final da onda que não foi tão limpo e marcou um inacreditável 9.27.

Filipe não surfou muito bem na esquerda, que era o seu real objetivo e marcou 7.33. Na direita Filipe caiu logo no inicio da onda, marcou só 4.93 e definitivamente acabou com as chances do Brasil de vencer essa etapa. 

Kelly fechou a final quase que com chave-de-ouro. Surfou muito bem na esquerda e fez um 8 pontos e destruiu a direita com a perfeição que só o criador da onda poderia fazer e ganhou 9 pontos, uma nota um pouco baixa para a performance do norte-americano que precisava de pelo menos meio ponto a mais. 

Com o 9 do Kelly o time mundo, formado por Bianca Buitendag (ZAF), Jordy Smith (ZAF), Kanoa Igarashi (JAP), Michel Bourez (PYF), Paige Hareb (NZL) venceu a competição graças aos pontos de Jordy Smith. O WORLD TEAM, que em momento nenhum encantou, venceu a competição.  

O time brasileiro ficou com a 2ª colocação mas fez as duas maiores notas individuais da competição. Com a Nota 10 do evento, Filipe Toledo ficou com o prêmio Jeep Best Ride Award e leva pra casa um Jeep zerado e irado. 


Foto: WSL / Cestari


O Fopunders´Cup entregou o que cumpriu. Um evento organizado, com excelentes condições de surf, formatou o evento para a televisão e para as Olimpíadas e mostrou que o surf definitivamente pode ira para esse caminho no futuro e nas Olimpíadas. O campeonato rodou mais redondo do que muita etapa da WSL. Creio que o desafio agora é deixar o evento mais dinâmico e com mais emoção. Não foram poucas as pessoas que acharam esse evento chato. Encontrar esse equilibrio entre informação, emoção e a performance dos atletas ainda precisa ser encontrado.





O JULGAMENTO

Ondas rigorosamente iguais Pelo menos na teoria isso deixa o julgamento bem menos subjetivo, Estão todos surfando para os mesmos lados, em ondas com a mesma velocidade, com o mesmo tamanho e em plenas condições de igualdade. As ondas passar a ter peso nulo e a performance dos atletas fica mais nítida de ser julgada. 

Mas será que os juízes foram tão imparciais? Algumas notas surpreenderam, outras causaram desconfiança. O fato de não haver um "heat analyzer" nem videos disponiveis criou um clima não muito transparente, vamos dizer assim.

Claro que foi legal ver o Filipe Toledo ganhar uma Nota 10 surfando muito mais do que todo mundo. Mas dar um 10 logo no primeiro dia de uma onda artificial quando todos ainda tem muito o que evoluir nessas ondas teria sido uma boa decisão? O surf apresentado pelo brasileiro foi realmente fodástico, mas penso que não se pode dar uma nota 10 em uma piscina. Há muitos limites a serem ultrapassados ainda. Dar um 10 assim no primeiro dia da piscina me deixou na dúvida se é um cacoete ou se foi preguiça. 




KELLYLÂNDIA


O 11 vezes campeão mundial construiu um mega parque aquático, criou a melhor piscina de ondas do mundo, esculpiu uma esquerda e uma direita perfeitas (e ainda vai fazer mais duas piscinas ao lado dessa) em Lemoore e ainda pode fazer com que sua piscina vire Arena Olímpica e mude definitivamente a cara do nosso esporte. Nem o Walt Disney foi tão ambicioso. 




RESULTADOS




NOTAS

# O Kelly vem dizendo que não pode competir nos eventos da WSL por causa do pé quebrado, mas que vem surfando todo dia e acabou de mostrar que o problema está longe de ser o pé.

# Se o futuro do surf será nessas piscinas sugiro aos competidores aumentar o treino de pernas. Não faltou gente perdendo sessão ou aliviando nas manobras porque as pernas não respondiam mais.

# O Kelly treinou muito mais do que todo mundo, fez um evento na sua própria piscina, foi o capitão do time norte-americano, tocou com sua banda no intervalo e ainda quis que todos os surfistas surfassem com a sua prancha. Megalomania é pouco para o careca

#Faltou o Heat Analyzer, faltaram notas ao vivo, faltou informação no site, faltaram videos com as ondas inteiras a disposição. Nem sempre menos é mais Tio Kelly. Um evento muito rico foi pobre em informação.

# O site BeachGrit disse que esse evento matou os campeonatos em Beach Break. É exagerado, mas é essa a impressão. Com ondas perfeitas 24 horas a disposição só faz evento em onda ruim quem quer.