WSL / KIRSTIN SCHOLTZ
O Rip Curl Pro Bells
2018 terminou em grande estilo nessa quinta-feira, 5 de abril, com a
emocionante final entre Italo Ferreira (BRA) e Mick Fanning (AUS). Já seria uma
grande final tanto pelo que os dois vinham apresentando durante todo o evento,
como pela qualidade das ondas, mas esse duelo culminou na primeira vitória de
Italo Ferreira no circuito mundial e na aposentadoria de Mick Fanning, um dos
maiores nomes da história do surf mundial.
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HELLS BELLS
Bells Beach é uma das
ondas mais famosas do mundo. Suas direitas longas e perfeitas encantam os
homens há décadas. Bells é também o palco de um campeonato clássico, a etapa mais
antiga e tradicional do circuito mundial que desde 1961, sempre na Páscoa,
recebe esse evento. A partir de 73 o campeonato de Bells passou para o status
de evento profissional e desde então a história do surf mundial tem passado
pelas linhas de Bells Beach. O troféu dessa etapa, o famoso Sino, é um dos troféus
mais desejados do ano porque nessa onda meus amigos, não é qualquer um que
vence.
Todos conhecem a
fama, a perfeição e a importância das ondas de Bells e Winkipop, ondas que
testam as curvas e as habilidades dos competidores e que constroem a reputação
de um surfista.
Competir em Bells é
especialmente difícil porque não dá muita margem para erros, porque raramente
prestigia os goffies e porque não revela seus segredos para os iniciantes do
tour. Umaonda linda se se ver, ótima de se surfar, mas uma onda difícil de competir. Velocidade,
leitura de onda, técnica apurada, equipamento correto, talento... todos os
atributos serão exigidos e serão necessários.
Quando as ondas estão
realmente boas, tanto Bells quanto Winkipop são ondas fenomenais, mas
geralmente as ondas podem ser bem cheias e foi o que aconteceu durante quase
todo esse evento. O que poderia ser um espetáculo de grandes ondas e de grandes
manobras virou um monótono campeonato de rasgadas e cutbacks. E quase poderíamos resumir o campeonato a isso
se não fossem três nomes: Italo Ferreira, Filipe Toledo e Gabriel Medina. Não é
ufanismo, é pura constatação. Esses três surfistas, mesmo que os resultados
digam outra coisa, surfaram com outro nível de agressividade e velocidade. Mick
Fanning esbanjou técnica, experiência e mostrou que vai se aposentar ainda
tendo um dos mais altos níveis de surf do mundo.
FINAL DAY
No último dia de
competições ondas grandes, pesadas, perfeitas e os surfistas finalmente tiveram
pistas a altura de uma final em Bells.
Apesar do evento todo
morno, o último dia de competições apresentou ondas bem melhores e as grandes
manobras começaram a sair.
QUARTAS
O dia abriu com as quartas de final masculina. Patrick Gudauskas (USA) fez uma belíssima apresentação, sua melhor no tour até o momento, e venceu Michel Bourez (PYF) de virada por 11.67 a 11.44; Mick Fanning (AUS) surfou muito bem na bateria contra Owen Wright (AUS) e venceu a disputa por 13.77 a 9.33. A galera delirava na praia a cada onda de Fanning; Italo Ferreira (BRA) foi monstruoso em sua bateria contra Ezekiel Lau (HAW) e ganhou a disputa por 17.86 a 11.50; Gabriel Medina (BRA) derrotou o português Frederico Moraes por 15.73 a 15.00. Uma bateria bastante disputada, mas com sutis, mas grandes diferenças na linha de surf de ambos os atletas.
SEMI
O dia abriu com as quartas de final masculina. Patrick Gudauskas (USA) fez uma belíssima apresentação, sua melhor no tour até o momento, e venceu Michel Bourez (PYF) de virada por 11.67 a 11.44; Mick Fanning (AUS) surfou muito bem na bateria contra Owen Wright (AUS) e venceu a disputa por 13.77 a 9.33. A galera delirava na praia a cada onda de Fanning; Italo Ferreira (BRA) foi monstruoso em sua bateria contra Ezekiel Lau (HAW) e ganhou a disputa por 17.86 a 11.50; Gabriel Medina (BRA) derrotou o português Frederico Moraes por 15.73 a 15.00. Uma bateria bastante disputada, mas com sutis, mas grandes diferenças na linha de surf de ambos os atletas.
SEMI
Na primeiro a bateria da semi, Mick Fanning venceu o norte-americano Patrick Gudauskas por 16.50 a 9.67. Fanning dominou a bateria e surfou com muita superioridade. O melhor soldado australiano do primeiro ao último dia... Veja essa bateria aqui
Na segunda semi um duelo brasileiro Italo Ferreira x Gabriel Medina. Medina já tinha vencido duas. Italo, talvez por isso, com muito mais vontade. Gabriel surfou muito forte e somou 6.50 e 7.60. Italo surfou muito mais forte e somou 9.17 e 6.83. Vitória arrasadora (e na hora certa). Veja essa bateria aqui
OS FINALISTAS
Italo e Fanning
chegaram nas finais com méritos incontestáveis. Ambos fizeram um campeonato
arrasador em Bells. O australiano de frente e o brasileiro de costas para a
onda. Um começando sua carreira no circuito mundial, outro encerrando seu ciclo
como competidor. Tanto Italo e Fanning se destacaram em suas chaves e chegaram à
grande final com favoritismo. Isso mesmo, ambos! Italo apesar de ser goofy footer
e até então sem vitórias no tour, estava surfando muito mais que todo mundo. Mick
Fanning também chegou à final surfando muito bem, mas era um mestre nesse tipo de
onda e fecharia ali sua carreira como competidor full time do tour. Italo na
dura batalha de fazer um goofy footer vencer em Bells (coisa rara) e Fanning se
preparando para uma grande festa no evento de seu patrocinador, na onda que o
lançou para o mundo e com uma torcida apaixonada na praia. Felizmente a final
proporcionou boas ondas para ambos os surfistas que definitivamente mostraram
porque estavam fazendo a final do evento. Fanning surfou com maestria. Italo
surfou para vencer. Uma final que muitos
nunca esquecerão.
Italo Ferreira
começou o ano com um 13º na Gold Coast, foi campeão em Bells e agora está
empatado com Julian Wilson na liderança do ranking mundial (surfando muito mais
do que o australiano, diga-se de passagem). Também vale dizer que o Italo, até
o momento, mostrou uma superioridade incrível nas duas primeiras etapas e vem
se mostrando uma “fábrica de high scores” em qualquer condição de mar. Vai para
Margaret River com confiança e com a lycra amarela.
OS CAMINHOS QUE
LEVARAM ATÉ A FINAL
Italo estreou no
Round 1 perdendo para o Gabriel Medina, os dois surfando muito bem; No Round 2
Italo eliminou com facilidade seu antigo rival Michael Rodrigues (BRA); No
Round 3 eliminou o brasileiro Filipe Toledo em uma bateria-espetáculo; No Round
4 passou em segundo, novamente atrás de Gabriel Medina; Nas quartas de final
Italo derrotou Ezekiel Lau (HAW) que vinha fazendo um excelente evento; Na
semifinal Italo virou o jogo contra Medina na hora certa e venceu Medina ; e na
final Italo venceu o australiano Mick Fanning no dia da sua festa de
aposentadoria. Uma campanha muito forte, sempre com excelentes apresentações,
sempre surfando com força, velocidade, agressividade e radicalidade. Mais dentro
do critério impossível.
Fanning estreou com
vitória no Round 1; venceu Sebastian Zietz (HAW) no Round 3; venceu Gudauskas
(USA) e Wilko (AUS) no Round 4; eliminou Owen Wright nas quartas; derrotou
Patrick Gudauskas (USA) na semi fazendo uma grande bateria e só só foi vencido
na final diante da explosão do surf de Italo Ferreira. Um grande evento, uma
grande carreira, muitos grandes exemplos e o mundo do surf todo reverenciando
esse que foi um dos maiores nomes do surf mundial.
Essa foi a primeira
vitória de Italo Ferreira no tour, a segunda de um brasileiro em Bells Beach, e
a 32ª vitórias brasileira no circuito mundial.
PALAVRAS DO ITALO:
“Eu nem consigo acreditar
ainda nisso tudo. É incrível, a minha primeira vitória, o Mick Fanning é meu ídolo,
nossa, estou muito feliz”
“Eu tenho
trabalhado duro nos últimos anos. Lembro da minha primeira final com o Filipe
(Toledo) em Portugal (em 2016), estava tão perto da vitória, mas agora
consegui. O ano passado foi difícil pra mim, por causa da minha lesão depois da
Gold Coast, que me deixou de fora por dois meses. Foi terrível e trabalhei
muito forte para me recuperar, então agora é o melhor sentimento, muita
felicidade pela vitória neste lugar incrível e contra um cara iluminado na
final, um herói”
“Eu só quero
dizer obrigado Deus e dedicar essa vitória a minha família, minha namorada e
todas as pessoas que tem me apoiado ao longo desses anos”
“Eu sou uma
pessoa muito feliz por ser este o meu trabalho e eu só tentei fazer o meu
melhor nas ondas que surfei em cada uma das baterias. Eu sabia que tinha que
continuar assim na final e o Mick (Fanning) é um dos meus surfistas favoritos,
o melhor concorrente e só tenho que agradecer a ele por tudo que já fez para o
nosso esporte”
PALAVRAS DO FANNING
“Foi um
momento muito especial poder estar na final com toda essa torcida e melhores
amigos aqui, mas estou feliz em ver o quanto essa vitória significou para o
Italo (Ferreira), foi uma das melhores coisas que eu já vi em Bells”
“Foi muito
divertido surfar com todos que competi nesse evento, o Seabass (Sebastian
Zietz), o Paddy Gudang (Patrick Gudauskas), o Wilko (Matt Wilkinson), o Owen
(Wright). Foi realmente especial porque me sentia surfando com um amigo e foi
incrível ver e sentir todo o apoio dos fãs. Obrigado a todos que tornaram isso
tão memorável, foi uma carreira incrível e agradeço a todos”.
MENINAS
Entre as meninas o título ficou entre a brasileira/havaiana Tatiana Weston-Webb e a australiana Stephanie Gilmore (AUS). Também entre as meninas um duelo de gerações. Tatiana surfou bem, mas a vitória (apertada) ficou com Stephanie Gilmore.
Abrasileira Silvana Lima fez um excelente evento em Bells, finalizou na 3ª colocação e é a atual Top 7 do ranking.
BAFORADAS
Entre as meninas o título ficou entre a brasileira/havaiana Tatiana Weston-Webb e a australiana Stephanie Gilmore (AUS). Também entre as meninas um duelo de gerações. Tatiana surfou bem, mas a vitória (apertada) ficou com Stephanie Gilmore.
Abrasileira Silvana Lima fez um excelente evento em Bells, finalizou na 3ª colocação e é a atual Top 7 do ranking.
BAFORADAS
Que início de ano do
Italo. Mostrou superioridade nas duas primeiras etapas, surfou bem, competiu
bem e mostrou tanto na Gold Coast quanto em Bells sua principal característica:
ele nunca entra no mar para perder
Que emocionante ver
um grande ídolo do esporte como o Mick Fanning se aposentar do tour. Dentro e
fora d´água um grande surfista, um grande competidor e um grande campeão. Teria
sido o final de carreira mais perfeito da história (com vitória e com a
liderança do ranking) não fosse um potiguar arretado.
A Surfer Magazine fez
um tributo fotográfico para o Mick Fanning. Recomendo https://www.surfer.com/features/a-tribute-to-mick-fannings-historic-career/https://www.surfer.com/features/a-tribute-to-mick-fannings-historic-career/
Não fossem os juízes
haveriam brasileiros nas duas primeiras finais do ano, afinal o Tomas Hermes venceu aquela semi contra o Ace
O ranking atualizado pode ser visto aqui
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